Como referi no artigo anterior fui destacado para ministrar instrução a recrutas no Regimento de Infantaria 8 em Braga, para posteriormente ingressar nos batalhões para as diferentes áreas de conflito.
Uma das tarefas dos sargentos de dia consistia em fazer ronda aos diversos postos de sentinelas que mantinham a segurança do quartel.
Para o efeito existia um relógio que teria de ser acionado, com as diversas chaves numeradas, existentes na periferia do quartel.
Claro que teríamos de estar despertos, durante muitas horas da noite.
Numa das salas destinadas a repouso, juntavam-se todos os sargentos de dia, havia um por cada companhia, para jogar toda a noite à sueca. O primeiro a fazer a ronda recolhia todas as chaves que as levava para a sala da sueca, um dos presentes ficava incumbido de acionar o relógio com a regularidade que achávamos a mais conveniente. No final da noite recolocávamos as chaves nos respetivos locais. Esta experiência serviu-me mais tarde profissionalmente.
Num dos dias que estava de serviço, o oficial de dia ao regimento era o capitão a que fiz referência no artigo anterior. Tinha uma forma de estar compatível com homossexualidade.
No seu gabinete com a presença dos diversos sargentos de dia que teriam de fazer a ronda às sentinelas para se verificar se estavam despertas, fez um sorteio com todos os presentes para saber a que horas cada um teria de fazer a respetiva ronda.
Pega numa folha para marcar os horários para depois dobrar e cada um escolher. Como não tinha esferográfica pede a um dos presentes para lhe ceder uma. Um dos sargentos empresta-lhe uma, respondendo-lhe: “Oh, meu banana não vês que é vermelha”. Na resposta: “não meu capitão não é vermelha, volta insistir”. O capitão marca no papel e verifica que efetivamente não era vermelha, responde: “tens razão”. O sargento de dia diz: “sabe meu capitão, isto anda tudo invertido”. O capitão levantou-se e põe a mão no rabo e responde: “menos eu”.
Claro que tivemos uma noite bem passada, de muita diversão.