O presidente do Vianense Futebol SAD, Nuno Azevedo e Cardoso esteve à conversa com o “A Aurora do Lima” para fazer uma antevisão da época. Na entrevista participaram também Carlos Amaral, CEO e Nélson Barbosa, diretor desportivo. Os três elementos reforçam a ideia de ter “objetivos ambiciosos”, que passam pela subida de divisão e pela necessidade de ter uma nova infra-estrutura desportiva.
A constituição do Vianense Futebol SAD foi um processo complexo. Esperavam esta demora?
Sim, porque o nosso país é um programa complexo. A burocracia que estávamos à espera tentamos fintá-la vindo mais cedo.
Mas a demora foi provocada pela burocracia ou pelas dúvidas dos sócios?
Nós respeitávamos muitos os sócios, por isso viemos às sessões de esclarecimento. O Sport Clube Vianense queria formar uma SAD, mas ainda não estava em condições de o fazer. Nós aceitámos essa condição e colocámos a condição do Vianense ficar na quarta divisão e não nos escondemos. Demos sempre a cara. Até trouxemos cá o nosso investidor. Isto levou os trâmites normais. Sempre que tomávamos uma decisão era convocada uma nova Assembleia. Depois disso, há o Estado que é muito burocrático.
Apesar disso, conseguiram constituir a SAD a tempo.
Conseguimos, mas com muito prejuízo nosso. Investimento e risco da SAD, pois vínhamos a investir numa solução, que poderia não se concretizar. O Carlos Fernandes estava a orientar a equipa desde a segunda parte da época passada e colocámos no terreno algumas pessoas para constituir uma equipa competitiva.
Como é que se podem apresentar aos sócios. Há um investidor (Gary Raulino) e depois uma entidade que a gere (Proplayer), não é isso?
A Proplayer é uma consultora desportiva e encontrou alguém que queria investir. Nós temos um contrato de gestão com o Gary Raulino e uma acreditação dele. Nós fazemos a gestão de um investimento.
Quantos elementos de Viana constituem a SAD?
De momemento, só o vice-presidente do clube, Miguel Passos Silva, é que integra a SAD. Mas a nossa intenção é que haja outros vianenses a integrar a estrutura.
A utilização do estádio Municipal Manuela Machado ficou adiado. O que representa este atraso?
É uma pena. Acho que foi um mal entendido e espero que seja ultrapassado em breve [entretanto o Executivo já aprovou a utilização deste equipamento. Ver notícia na pág.38]. Nós não conseguimos adaptar o Dr. José de Matos às nossas necessidades.Temos algumas empresas que vão gerir algumas das áreas e ações que queremos implementar, como sejam a loja e a bilheteira..uma fanzone para dotar das mínimas condições. O nosso projeto teria de ter estas condições.
O Dr. José de Matos já não cumpre?
Não. Nós não temos nada contra o Dr. José de Matos, temos é a favor de uma novas instalações que nos permitam ambicionar estar noutros patamares.
O porquê de utilizarem o Manuela Machado?
Neste iremos jogar os jogos oficiais e treinar duas vezes por semana. Todos os outros treinos será no Dr. José de Matos. Outra solução que estamos a trabalhar com a Câmara é a utilização de outros campos relvados. Nós temos de evoluir e ambicionar outros patamares.
Há dias, numa outra entrevista, disse que pretendem construir uma infra-estrutura de raiz para a equipa sénior do Vianense. A SAD poderá suportar esse custo?
Primeiro, não consideramos isso uma despesa. Será sempre um investimento. Temos um acordo tácito com a Câmara que nos apoiará numa decisão futura. Teremos de a discutir bastante. Sabemos que temos de envolver outras entidades que não apenas a Câmara e a SAD. O meu grande desafio é conseguir trazer o investimento necessário para que o Vianense tenha o seu estádio onde possa ficar e subir de divisão. Não é algo para já. Nós temos de ter um clube com ambição e tem de ter um espaço próprio. O nosso projeto não tem apenas um estádio, tem também uma academia. Hoje em dia andamos com a casa às costas.
O que ficou decidido foi utilizarem as instalações do Vianense dando uma comparticipação financeira.
Sim. A SAD é uma entidade privada que aluga o Dr. José de Matos ao Vianense.
As próximas questões foram respondidas por Nélson Barbosa
Para além da equipa sénior ficaram ainda com a gestão da equipa de sub-19. Qual a razão?
Nós temos aqui um viveiro, que é equipa de sub-19. E no futuro até poderemos ter outras equipas. Ficarmos com a gestão da equipa de sub-19 é para que haja uma transição para a equipa sénior. Queremos ter a ligação com a formação do clube.
O objetivo é fazer uma equipa…
O mais competitiva possível. Queremos colocar outras equipas de outros patamares nos campeonatos nacionais. Para que não haja uma transição mais difícil. Queremos preparar e antecipar a transição. Os miúdos de sub-19 vão ter oportunidade de treinar com o plantel sénior.
A equipa sénior continua no Campeonato de Portugal. Qual o objetivo para a época?
O objetivo é tentar ganhar os jogos todos e sermos melhores diariamente. As metas são diárias e chegarmos a 18 de abril e dependermos só de nós.
O maior objetivo é subir de divisão?
Podia responder que sim, mas é sempre relativo. No começo da época traçamos esse objetivo. Todos querem ser campeões, mas só um é que consegue. O nosso objetivo é ganhar todos os fins de semana.
Quantos jogadores permaneceram da época passada? Quantos contrataram?
Houve 10 jogadores que transitaram da época passada e já contratamos 14 novos jogadores.
É um plantel que já está fechado?
Vou-lhe responder agora que sim e durante a época poderá ser necessário fazer alterações. Os plantéis nunca estão fechados. Há um ponto de partida, mas pode acontecer uma necessidade e oportunidade.
Já iniciaram os treinos? Vai haver jogos de preparação?
Sim, vamos ter alguns jogos de preparação que são abertos ao público. No dia 11 de setembro haverá jogo da Taça de Portugal e o Campeonato inicia-se a 18 de setembro.
E em relação à equipa técnica. Houve mudanças em relação à época passada?
A equipa técnica teve a liberdade de escolher com quem queria trabalhar. Transitaram Carlos Fernandes, Rogério Brito e Guilherme Belo, que fez a segunda fase.
O objetivo é subir à Liga 3?
No que depender de nós vamos lutar. Há fatores que não vão depender de nós. Essas perguntas poderão ser feitas em dezembro/janeiro.
A palavra foi dada a Carlos Amaral,
que assume a função de CEO da SAD
O Vianense sempre foi um clube ligado aos locais. Está a ser feita essa aproximação?
O Vianense tem 124 anos. Já houve dezenas de direções que tentaram colocar o clube noutros patamares. Os clubes de futebol movem as pessoas e as cidades se tiverem resultados. Caso contrário há um afastamento, independentemente das direções serem boas ou não. Há duas coisas que temos de distinguir bem: No futebol, muitas vezes o fator sorte está muito presente. No caso do Vianense há um afastamento bastante grande, porque não há resultados.
Acha que é essa a principal razão?
Só pode ser essa. No fundo, resume-se a bons e maus resultados e menos polémica em campo. Um clube com esta dimensão não consegue ter direções profissionais. Não há capacidade para ter uma gestão profissional e isso dificulta o aparecimento dos resultados. Nós queremos ganhar e queremos ir à segunda Liga. Mas quando chegarmos a este patamar o estádio Dr. José de Matos deixa de ter sentido.
E o Manuela Machado permitia?
Também não. O que nós queremos é ir lá para cima. Não viemos para aqui para ficar na distrital e no Campeonato de Portugal. Nós queremos devolver a alegria aos vianenses e só se devolve preparando uma equipa, um futuro…
Nuno Azevedo, presidente da SAD concluía que “iremos desenvolver ações para vários públicos, nomeadamente com os pescadores, as empresas, os jovens e um quarto público que são os mais desfavorecidos, desde os mais idosos aos deficientes. Estes quatro públicos estão sempre na nossa mente. Nós queremos ter o estádio cheio”.