Pintomeira e o XXIX Concurso de Quadras das Festas d’Agonia

Ofereceu uma obra sua, no valor de 2500 euros, destinada a ser atribuída ao concorrente classificado em primeiro lugar no Concurso de Quadras das Festa d’Agonia, representando o prémio “A Aurora do Lima”. Muitos se interrogarão sobre esta simpática atitude do Artista. Para nós, contudo, não constitui surpresa, porque já lhe conhecemos esta faceta de saber corresponder a convites com objetivos muito específicos. Sempre de mãos dadas com questões reconhecidamente culturais, pautado pela discrição, sabe marcar presença nas iniciativas que sente como válidas e com sentido promocional da arte e dos seus valores. 

De Pintomeira ainda há pouco tempo aqui se falou, resultado de uma conversa animada que com ele tivemos. Por esta e outras boas razões, parte dos vianenses, em especial aqueles que amiúde se relacionam com o mundo da arte, já o conhecem suficientemente. Depois de uma longa carreira no exterior, particularmente em Paris e Amesterdão, vive agora com recato na terra onde nasceu, em Deocriste. Mas não parou de pintar, longe disso. Continua sonhador e insatisfeito, sempre à procura do diferente, sempre com novas visões da arte e com propostas distintas para apresentar nas suas mostras. Por vezes com variantes em que, contrariamente ao que acontece com outros artistas, há dificuldade em o identificar. Brevemente aí o teremos em mais uma exposição, em Viana, claro, porque se comprometeu a apresentar cada nova fase da sua arte aos vianenses em primeiro lugar. Aguardamos expectantes.

E sobre este XXIX Concurso de Quadras e o quadro oferecido, que deu 1º prémio, o que há para dizer? Fomos ouvi-lo, convictos que teríamos conversa animada, porque cultiva o diálogo com prazer. E se for para falar de arte, então, a satisfação redobra. Em discurso assertivo, fala sem se cansar, mas evitando ser maçador. Foi o que aconteceu mais uma vez. 

Pintomeira, acha interessante este concurso que tem como tema a Romaria da Senhora d’Agonia e que o AAL, quase sempre em parceria, regularmente promove?

Para além de prestigiar o já vetusto e agora renovado Semanário “A Aurora do Lima”, as quadras populares transmitem-nos, numa forma poética escrita, o sentimento genuíno e simples de quem as escreve e o dedica à Sra d’Agonia ou à sua Romaria.

Aderiu de imediato ao nosso pedido de adesão porque entende que estes concursos tem o seu interesse, pelo cunho popular que contem, ou porque também vê no Aurora do Lima um jornal que, pelos seus 166 anos de vida, deve ser considerado como um ícone da cidade e por isso merecedor do melhor respeito dos vianenses? 

Concordo plenamente com os dois entendimentos que expressa na sua pergunta. As quadras populares entusiasmam e relacionam os leitores do prestigiado Semanário vianense com a rainha das romarias portuguesas ou expressam a sua fé a Nossa Senhora nela venerada. Quanto à Aurora do Lima, esta iniciativa cultural relacionada com a Romaria confirma a sua notoriedade e influência na sociedade, particularmente local.

Para estabelecer a ordem dos prémios, perguntámos-lhe qual era o valor do quadro. Não hesitou e disse que eram 2500 euros. Independentemente do seu valor e dos seus preços, vê outras justificações para este valor?

O valor de uma obra de arte depende de muitos fatores e é, muitas vezes, de difícil compreensão. A carreira do artista associada à sua obra, a situação do mercado da arte, o investimento para o colecionador e a unicidade do quadro são alguns dos muitos fatores que estabelecem os preços. Não encontrando outra justificação para o valor da obra oferecida, resta-me dizer que me sinto honrado com a minha participação na atribuição deste meritório prémio, concedido pelo influente Semanário “A Aurora do Lima”.

Com regularidade o vemos a ofertar quadros. Sabemos da frequente solicitação de obras aos artistas para os mais diversos fins, e que estes até se mostram muito solidários. Como encara estas ações?

Esta é uma pergunta de difícil apreciação e resposta. Não me compete manifestar sobre as intenções dos meus colegas artistas sobre estas ações. Considero, no entanto, que a disponibilidade e solidariedade são sempre de louvar.

O motivo da nossa conversa não foi falar de projetos futuros, mas não podemos dar por finda esta curta conversa sem lhe perguntarmos quando vai apresentar aos vianenses as suas novidades artísticas?

Estou a trabalhar no meu novo estúdio criando obras para o meu 18º tema. A mostra destes trabalhos, em Viana do Castelo, poderá acontecer nos primeiros meses do próximo ano.  

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