Comemorar o 10 Junho, depois de Abril, arrasta consigo ainda o sabor amargo dessas comemorações que pugnavam pela continuidade da defesa da pátria na sua dimensão colonial, mas que, curiosamente, o Ditador Salazar nunca pisou. O dia 10 de Junho era o “Dia da Raça”, parafraseando Cavaco, onde eram condecorados os heróis da defesa do Portugal ultramarino, que sustentámos durante 13 anos!
Hoje, à luz da liberdade e da democracia em permanente elaboração, ainda há muito que fazer. Continuando num outro império, o da Língua Portuguesa, defendida pelo Padre António Vieira (séc. XVIII), nasceu o mito do Quinto Império, o da Língua Portuguesa, glorificado por Agostinho da Silva (séc. XX): “sem subordinação alguma, seja do que for ao quem quer seja, mas com um entendimento perfeito de ambas as partes … de guiar o Mundo à sua verdadeira essência, a do resplendor do Espírito sobre a Matéria”. Diremos, duma utopia que busca um suporte cada vez mais identificado e revelado no Império da Cultura e Língua repartidos, desde há mais de cinco séculos, pelos quatro cantos do mundo.
Nestes pressupostos, o 10 de Junho, Dia Portugal, de Camões e das Comunidades [da Língua] Portuguesas, será cada vez mais de um entendimento com os povos por nós colonizados, cuja língua e cultura portuguesas, constitui o elo mais forte para a criação desse Império da Cultura e da Língua repartido por esses povos [PALOP’s]. Assim entendemos o pensamento do Presidente da República ao defender a livre circulação nos territórios dos povos de língua portuguesa, sem qualquer requerimento ou visto. Assim, aconteceu na minha última estada em Cabo Verde. Assim esperamos que venha a acontecer para os restantes povos falantes da Língua Portuguesa.
Assim satisfaremos o “resplendor do Espírito sobre a Matéria”, no Império da Cultura e da Língua.
N.R. – Em virtude do feriado de 10 de junho, elaboramos uma edição com menos quatro páginas. A explicação devida.