7 – O Convento dos Crúzios

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Ainda cedo e já Joaquim Terroso se apresentava a cumprimentar-nos na receção do jornal, acompanhado de alguém que não nos era estranho. “Conhece aqui o Senhor Jeremias, não é verdade”? diz-nos Terroso.

Sim, mas não sabemos de onde, dissemos. “Oh… parece impossível… este meu amigo, lisboeta esteve presente no nosso encontro em frente à Estação dos Caminhos de Ferro”. “Ah, sim, sim, já nos lembramos. Mas, se não estamos em erro, fazia parte do grupo excursionista”, comentámos.

– Mas isso foi na semana passada. Gostou tanto da nossa Viana e dos nossos encontros, que resolveu voltar. Não quis vir para a minha casa. Hospedou-se na Pensão Laranjeira, bem perto de nós. Viemos cedo porque ele quer tornar-se assinante da nossa Aurora. Este “maroto”, já tantas vezes o convidei a assinar este nosso vetusto jornal, mas foi-se desculpando com falta de tempo para a leitura. Agora lá deu o passo definitivo. Bom, vamos lá saber essa história do convento dos Crúzios, que o Jeremias está ansioso por conhecer pormenores.

– Mas em pormenor é impossível. Não temos tempo para tal. Contudo, aconselhamos-vos a ler uma tese de doutoramento sobre este assunto, de muita qualidade, que está em PDF na internet. É sua autora Isabel Tavares de Pinho e teve publicação na revista da Faculdade de Letras, 1 Série, vol. V/VI, pág. 467-487. Ademais, sobre o assunto, ainda temos um interessante trabalho publicado por Figueiredo da Guerra nos números 3 e 4 do Archivo Viannense, 1891.

– Pois, mas algo se poderá adiantar hoje. Sabem, sobre este convento, desconhecia o assunto por completo. Lerei o Archivo Viannense, porque Figueiredo da Guerra inspira confiança.

– Aqui vai então: Segundo o nosso historiador, “a ideia da fundação de um mosteiro em Viana foi da responsabilidade de D. Miguel de Santo Agostinho, aquando da sua terceira nomeação como Geral da Congregação de Santa Cruz de Coimbra. A provisão régia foi obtida do rei Filipe III, em 21 de janeiro de 1627, assim como a forma do custeio das obras. O lugar escolhido foram os penhascos no arrabalde da Portela por detrás da igreja de Monserrate, de que já falamos. D. Miguel comprou terreno para hortas e o Senado da Câmara concedeu um espaço que ia da cerca das Ursulinas à capela de Nossa Senhora da Conceição e desta à rua de Santa Luzia, abrangendo toda a quinta das freiras do Recolhimento dos Santos Mártires. Foi após a entrega desta área que se iniciou o templo. Mas, não tendo a obra avançado, logo se construíram casas com quintais com uma capela adjacente, a dos Santos Mártires”.

– Um momento… Depois houve guerra, não é verdade. “Já lá vamos, Senhor Joaquim”. Não vamos não… Agora vamos ao Manelzinho Natário comer uma bola de Berlim e beber uma tacinha de vinho branco. Na próxima semana continuamos. Não resistimos a perguntar-lhe quando chegaríamos a Santa Luzia. “Logo se verá”, diz Terroso. O que ele não quis foi saber foi da nossa ocupação. 

Paciência… 

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