Se não houver cuidados de jardineiro, até no jardim poderão germinar cardos e abrolhos…! Se boas-sementes caírem em estrumeiras-nutritivas e não forem esmagadas por transeuntes nem comidas pelos pássaros, poderão ser berço de flores, lindas e inebriantes…!
Surgiram-me estes pensamentos férteis, quando, há pouco tempo, Portugal estremeceu de horror e espanto, causados por uma mãe-anti natura, que lançou ao lixo um filho recém nascido, ainda com vida, e um sem-abrigo marginalizado, que, num rebate de consciência e solidariedade, fora salvador do bebé, lançado à morte…!
Dois quadros, qual deles o mais chocante, pela repulsa ou pela grandeza humano-social…!
Ambos os quadros me marcaram profundamente e ambos eles me ofereceram tema para esta minha crónica, de humilde mas atento observador, que procura ler no âmago dos acontecimentos, para deles tirar ilações, úteis e proveitosas para quem pensa e sente os meandros da conduta humana…!
Uma “mãe assassina”! Um “marginalizado” feito “bom samaritano” !
Uma estrumeira e uma flor…! Repulsa e empatia, contrastantes, no Observador…! E então, prezado Leitor!? Vamos às lições!
Que drama angustiante, vivido no íntimo nevoeirento daquela jovem-mãe, de vida lamacenta e infeliz…! Que coração maternal, derretido e conspurcado pelas encruzilhadas da vida, que trituram a semente do Amor…!
Puni-la!? Sim, mas para lhe fazer ver que cometeu uma baixa torpeza, da qual pode e deve arrepender-se e regenerar-se…! Só “pedradas” e “morra! morra”!? Não! “Humanum est errare”… A emenda é dignificante…!
Quanto ao “Manuel Xavier” (bom samaritano), que sentiu vontade e gosto em salvar a vida dum inocente indefeso, oh! Maravilhosa pérola, escondida na lama…! Perfumada flor, nascida num charco…! Bem haja!
E pronto, prezado Leitor! Admiráveis flores, nascidas na estrumeira da Huma-nidade, que nós também integramos…!
Lamentemos tanto “estrume”…! Olhe-mos também para belas flores que nele germinam…!