Ruben A.

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Assinalou-se, recentemente, o nascimento do escritor Ruben A. Andresen Leitão (1975–1920), que manifestou como última vontade ser sepultado em Carreço, onde viveu e construiu moradia. Embora fosse lisboeta de nascimento, estava enamorando-se pelo Alto Minho. Escreveu nos jornais nacionais agora compiladas no livro PÁGINAS MINHOTAS que a Câmara Municipal homenageou, tão brilhantemente, no centenário do seu nascimento.

Autor das semanas Musicais que se renovaram durante cinco verões em Viana, escreveu no Diário Popular, em Setembro de 1972, um artigo a exaltar a figura de então — fazia um ano do falecimento de LUIS DE MONTEVERDE, Presidente da Câmara de Viana do Castelo que com ele conviveu, programou e organizou as SEMANAS MUSICAIS DE VIANA DO CASTELO, no seu dizer coisas boas “em bailado, música sinfónica, conjuntos de câmara, grandes solistas, conferências do mais alto quilate”. Acrescentava ainda naquele seu escrito “(…) durante cinco anos a sementeira esteve à mercê de quem tivesse ouvidos.”

Foi esta figura ímpar que escolheu Carreço para viver e se inspirar em tantos trechos de pura e bela literatura sobre o Alto Minho.

Foi de Carreço que escreveu saborosas prosas sobre o Alto Minho, como “AI ESTA PALAVRA – CARREÇO” foi tema para escrever uma crónica no JORNAL DE NOTÍCIAS, em julho de 1946, da qual extraio pequeno trecho: “Vem até Carreço, amigo leitor! As tuas sensações serão novas, porque a vida que elas te dão é diferente. Tu não conheces, tu não podes senti-las sem estares perfeitamente convicto da posse de qualquer coisa que é tão humana e tão bela.”

Como não ficarmos embevecidos, nós alto-minhotos, com tanta bondade do insígne escritor!

Numa outra crónica para o DIÁRIO POPULAR, em junho de 1966, socorrendo-se de um GUIA DE PORTUGAL, da Fundação Calouste Gulbenkian, destaca umas tantas maravilhas que polvilham o nosso Minho, que passo a citar “(…) fico deslumbrado pelo que aprendo. A primeira visita é feita à capela joanina, magnífico exemplar de pedra barroca… na povoação de Carreço cheia de roseiras e gerânios. Viro ao norte, palmilho sempre, Santa Cristina de Afife mostra-me um retábulo de madeira que extasia a vontade. Subo a Cabanas. O cenário é majestoso, serra, mar e casario branco, terra de canteiros e de mulheres de perfil grego. Mulheres belas, lindas de dourado, ”(…) a sua poética descrição leva-nos a Âncora, Mo-ledo, Caminha (onde se admira a Torre do Relógio e a casa dos Pitas), breve paragem para ver o Coura, afluente do rio Minho, que lá de Vilar de Mouros e dos contrafortes da Serra de Arga, traz as melhores trutas da região, e logo à margem da estrada a célebre casa da Torre de Lanhelas, relata em crónica tão saborosa! Alarga-se por Gondarém, V. N. de Cerveira, a Ilha dos Amores! Chega a Valença. Entra na fortaleza, onde se deslumbra com uma vista exemplar. Chega a Monção, Melgaço, sobe a serra e alcança Castro Laboreiro para se sentar no topo de Portugal.

Vale a pena ler o livro PÁGINAS MINHOTAS para nos identificarmos com RUBEN A..

E também nós sentirmos o amor e vaidade pelas belezas alto-minhotas.

Amândio P. Silva

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