Depois de todo o país estar novamente confinado e de, felizmente, já serem evidentes as melhorias nos números diários da pandemia em Portugal, e depois do ensino estar a recomeçar, prevê-se e deseja-se que as restantes áreas comecem gradualmente a retomar normalidade.
Sem esquecer o número diário de vidas humanas perdidas que, apesar de decrescente, vai continuar a ser altíssimo, desde logo se considerarmos que a perda de uma vida para a Covid-19 já é demais, é cada vez mais urgente cuidar dos vivos e, globalmente, daqueles que não inspiram cuidados de saúde primários.
Se, com as vacinas, podemos sonhar com a neutralização da pandemia, na melhor hipótese, ao longo e até final do ano, já sabemos também que o processo de desconfinamento em curso vai ser lento. Por isso, é cada vez mais importante encontrar formas de compensar as dimensões complementares de saúde dos cidadãos, que se encontram sobremaneira suspensas há praticamente um ano.
À exceção do futebol profissional, por todo o país, praticamente todas as modalidades desportivas, escolares e não escolares, e de todos os escalões etários, estão paradas há quase um ano. Crianças e jovens reduziram, forçada e drasticamente, níveis de atividade física que todos sabemos ser fundamentais para o seu desenvolvimento. Isto apesar das instituições desportivas tudo fazerem para conseguirem manter a ligação com os seus desportistas.
Se a Educação e a Cultura conseguiram, com sucessos relativos, formas alternativas de acontecer neste contexto pandémico, o Desporto tem mais dificuldades, desde logo, porque a natureza ativa da sua prática assim o exige.
Por isso, é necessário que, mesmo à distância, de forma temporária e alternativa, se consiga continuar a incentivar a prática desportiva, nomeadamente, através de políticas desportivas públicas. Porque o prolongar do interregno das atividades desportivas nesta pandemia já é, infelizmente, demasiado longo, é necessário aprofundar o apoio ao Desporto, consentaneamente com o pilar fundamental para a Saúde física e mental dos cidadãos, e em especial, das crianças e dos jovens, que a sua prática constitui.
Ricardo Simões
Diretor Artístico do Teatro do Noroeste – CDV