Maus filmes, com bons atores

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Quando optamos por ver um filme, com certeza que damos prevalência ao género associado, ou então verificamos a sinopse, que sintetiza a tendência do enredo, mas, se essa informação não for suficiente, podemos analisar a projeção que o mesmo atinge nos círculos mediáticos, senão, em última instância, há sempre a possibilidade de gizar as nossas escolhas em função do mérito dos atores envolvidos.

Todos esses atributos, supostamente válidos, dão eventuais garantias de adesão a uma boa sessão de cinema, mas, curiosamente, por ter confiado demais na gesta de nobres atores, acabei por ser inusitadamente confrontado, com quatro péssimos filmes.

No que diz respeito ao primeiro “Conhece Joe Black?”, de 1998, o famoso ator Brad Pitt dá corpo a Joe Black, um homem que perde a vida num acidente de viação e no dia seguinte encarna num anjo da morte, que está incumbido de levar consigo para as profundezas da morte um empresário conceituado, interpretado pelo egrégio Anthony Hopkins. Numa aparição insólita, Joe Black dá conta dessa fatalidade ao dito empresário, que se resigna diante da inevitabilidade da comunicação. Concedendo-lhe quinze dias de preparação para o momento lúgubre, Joe Black, numa espécie de trapaça, resolve-lhe alguns berbicachos, e simultaneamente corteja a sua filha. Com um enredo paupérrimo de base, a trajetória desta trama torna-se insuportável, já que usa a irredutibilidade da morte como moeda de troca.  

Outro filme entediante e inapropriado para pessoas depressivas foi uma produção de 2005, denominada de “Proof – Entre o Génio e a Loucura”, que contou mais uma vez com Anthony Hopkins no papel de Robert, um matemático aposentado, contracenando com a bela e prestigiada atriz Gwyneth Paltrow, que entroniza a insípida personagem Catherine, filha de Robert. Ao partilhar a casa com o seu Pai, cuidando dele ao mesmo tempo, cria-se uma relação entre eles que atinge laivos de degradação, em grande parte causada pela senilidade e loucura de Robert, nem sequer atenuados com a visita da sua outra filha, e o putativo enlace amoroso de Catherine com o seu companheiro. A narrativa do filme, ao acentuar em demasia os diálogos deprimentes e delirantes, entre Pai e filha, dá uma machadada na sua pretensão fruitiva.  

Respaldado pelo dueto Tom Cruise e Cameron Diaz, o terceiro filme, intitulado de “Encontro Explosivo”, de 2010, ventilava expectativas encorajadoras, no que se refere á pertinência da película, mas ao invés do expectável, a história descambou num grotesco filme de ação, na qual o herói da contenda, Tom Cruise, ao encontrar a personagem de Cameron Diaz, não faz outra coisa senão aplicar bravatas agressivas e sucessivos tiroteios, direcionados a facínoras de origem desconhecida, sem se perceber a lógica desta violência.  

Por fim junto a este lote, mais um filme dececionante, protagonizado pelo consagrado Willem Dafoe e pela vedeta Robert Pattinson, chamado de “Farol”, de 2019, que retrata o quotidiano de dois funcionários de um Farol, localizado num sítio recôndito e sombrio. Num cenário de solidão e monotonia, o ambiente entre os dois é claramente perturbador, principalmente gerado pelo histrionismo prepotente do chefe (Willem Dafoe), atrofiando a sanidade mental do seu adjunto (Robert Pattinson), que evidencia sinais de demência ao ter constantes visões com uma atraente sereia. Não se vislumbrando, nada de novo, o filme mantém se neste rame-rame num nível confrangedor.   

Os exemplos que enumerei são ilustrativos de que nem sempre a ótima reputação, é sinónimo de qualidade, pois depende da inspiração e assertividade do criador ou do executante.

Alcino Pereira

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