Escolhi este filme norte-americano dos anos 90, protagonizado de forma irrepreensível pelo famoso Robert de Niro, para chamar atenção de que uma boa parte da população demonstra pelas incidências dum determinado desporto, a tal ponto de se envolverem em situações pouco recomendáveis, em nítido prejuízo da sua reputação.
O exemplo taxativo deste argumento que selecionei para esta crónica reflete os padrões de faciosismo e perturbação ao qual o homem se submete, expressado por um apoio inequívoco a um certo clube, alimentado pelo mediatismo das peripécias competitivas, usando esse interesse como escape para atenuar as suas frustrações, em vez de olhar para essa atividade como mera diversão.
Em linha com este cliché, o filme assenta a sua narrativa em duas figuras providenciais e essenciais para o rumo do enredo. A primeira ancorada num individuo sinistro, vendedor de facas, que dá pelo nome de Gil Renard, um sujeito que denota uma efusiva predileção por basebol, sendo um adepto convicto dos Giants de San Francisco, andando completamente entusiasmado com a transferência do seu craque favorito, Bobby Rayburn, para o Giants. No caso concreto do já citado Bobby Rayburn, apesar deste não evidenciar um papel tão preponderante como a personagem entronizada por Robert de Niro, a sua prestação tíbia e oscilante, como atleta de eleição do Giants, vai mexer consideravelmente com as emoções cómicas de Gil, fomentando ao desenrolar da história um cariz trágico e degenerativo.
Atendendo ao seu perfil rebelde, a vida pessoal de Gil está abalada por um divórcio crispado, que marcou profundamente o único filho, Richie, com cerca de dez anos, e a sua ex-mulher Jewel, que não confia no desempenho paternal de Gil, defraudada pela experiência nefasta do passado. Além dessa notória solidão, Gil sente-se tremido em termos profissionais, pois mostra dificuldades em permanecer na empresa, devido ao exíguo número de receitas alcançadas recentemente. Noutro paralelo, as coisas também não correm de feição para Bobby Rayburn, pressionado pela comunicação social, por causa dos valores astronómicos que recebeu aquando da sua polémica contratação e, simultaneamente, acossado pela concorrência na equipa, sublinhado pelo talentoso jogador, Juan Primo.
Apercebendo-me desde logo, não obstante o aparato eloquente de Gil, que este não é feliz, nem existem indícios de que alguma vez possa vir a ser, sendo que a única coisa que lhe traz alento é acalentada pelas vicissitudes hegemónicas dos Giants e do propalado Bobby Rayburn. Em face disso, Gil, excitado com a estreia de Bobby, na abertura do campeonato, adquire os bilhetes, para o jogo, levando consigo Richie, mas cometendo um erro crasso pelo meio, pois Gil ausenta-se durante o decorrer do desafio, deixando o seu miúdo momentaneamente sozinho, para fechar um negócio que pode salvar o seu posto de trabalho.
Subitamente despedido por não concretizar um contrato crucial para a sua empresa, e somando a isso uma ordem do tribunal que o impede de se aproximar de Richie, Gil, visivelmente transtornado, acentua exageradamente a sua devoção e delírio por tudo que diz respeito a Bobby Rayburn, acabando por cometer uma série de crimes, dilacerado e inflacionado pela sua obsessão insanável.