O espaço marginal de Viana do Castelo é uma excelente referência da cidade, provavelmente, a imagem da nossa cidade mais viajada pelo mundo. No final dos anos 70 do século passado, a margem direita do rio Lima foi deslocada para sul, cerca de 100 metros, criando-se por força das circunstâncias uma nova margem e um espaço, bem aproveitado, nobre, que constitui a frente ribeirinha de hoje. É sobre isto que vou transmitir a minha preocupação.
Em toda a extensão deste espaço, da Ponte Eiffel à antiga Doca dos Pescadores, existe a muralha que separa a terra da água. Ora, não há qualquer proteção e as pessoas sós ou em grupo, a passear e a correr, misturadas com bicicletas, trotinetas e outros, conduzidos por graúdos e mais novos, movimentam-se em todo este espaço. De vez quando, alguns mais curiosos, querem ver se há peixes a nadar, ou o convés das traineiras ou de iates que ali tenham amarrado. Os pais ou avós tentam segurar bem os mais jovens e irrequietos. Na Alameda algumas motas mais ou menos potentes, tentam demonstrar que os seus escapes são os mais barulhentos e, a velocidade de ponta é uma experiência que só pode ser vivida por quem está bem vivo. Nos carros a mesma coisa, mas com menos frequência.
Podíamos continuar a descrever todo este ambiente de paz urbana e de felicidade, mas hoje não vou por aí! Grande parte da minha vida, militar e profissional, foi ligada às questões de segurança e a minha visão destas coisas está, talvez por defeito, relacionada com a prevenção e o bom senso. “O que poderá acontecer se, por exemplo, uma mota se despistar e entrar no passeio público junto da doca”? Provavelmente continuará e cairá com o condutor dentro de água, mais ou menos ferido, mais ou menos consciente – ou não!
E se for de noite? “Mas nunca aconteceu! Dirão alguns! (“Alguém se lembra da queda do Sr. Cruz, numa noite bem bebida, na lingueta junto à ponte”?) Foi salvo pelos que o acompanhavam, eles, também bem bebidos … Não perguntem como foi!), mas poucos souberam disto e não foi, com certeza caso único… E não ter acontecido (que se saiba…!), é razão para não se fazer nada, sabendo-se da existência do perigo? E se for um jovem que vá a correr atrás do seu cãozinho, ou um idoso que tenha de correr para ir atrás da neta que vai atrás do cão? “Vão pró malagueiro!” (como se dizia nos Estaleiros de Viana quando alguém caía à água). E se for de noite?
A somar a tudo isto, foi colocada uma proteção de rede, para evitar eventuais assaltos aos iates agora ancorados em frente do Gil Eanes. Esta estrutura é móvel, subindo e descendo conforme a maré, pois está fixada ao flutuador de acesso aos barcos. Umas vezes, está acima do nível da rua cerca de dois metros. Outras, não se vê, quando estamos na maré baixa. Entretanto, foi criado um espaço, entre a pedra da muralha e a rede, com menos de um metro, isto é, se alguém cair naquele espaço ficará confinado, com maiores probabilidades de se ferir de forma mais grave, sendo a sua remoção e salvamento mais difícil. E se for de noite? Solução: prover o interface água / cais com resguardos eficazes. Haverá algumas soluções, algumas das quais podem até tornar mais agradável (além de seguro) todo este espaço. Haverá soluções que possam não traduzir em custo para o erário público, o valor a investir. Mas, antes de tudo, tem de existir vontade. Antes de tudo, tem de existir por parte da autarquia, por parte da Junta das Freguesias da Cidade, a consciência que a segurança dos cidadãos é uma excelente mais valia e uma forma de valorizar Viana do Castelo e os Vianenses. Urge fazer alguma coisa, a tempo de nos prepararmos para as Festas de Nossa Senhora da Agonia (nove dias em agosto).
É preciso assegurar a segurança, na mobilidade de mais de um milhão de pessoas, que irão passear e estar em Viana, numa área que é normalmente utilizada por cerca de 30.000. Bastará colocar, digo eu…, de uma forma provisória, grades que a Câmara possui em quantidade suficiente, desde que bem fixadas ao pavimento, o que também não é difícil e com custo muito baixo. Poderá haver, até, outras formas de proteção, mas nada poderá avançar sem um sinal positivo e inequívoco por parte da Junta das Freguesias da Cidade e da Câmara Municipal.
Aguardamos! Valorizar Viana e tentar resolver os problemas dos Vianenses é, na minha opinião, a melhor forma de prestar serviço à comunidade.
Deixo à consideração das pessoas 2 fotografias que, naturalmente, dizem mais que as 709 palavras que escrevi. Fica, humildemente, à consideração.
Joaquim Ribeiro