O PNF sobre a Alta Velocidade (LAV) informa-nos que nas 2 LAV’s se pretende ir de Lisboa a Valença, muito embora, na presente década, se caracterizará por aquilo a que poderei denominar duma SALGALHADA.
Senão vejamos: Tal circunstância implica, desde logo, que os tempos de viagem propagandeados não se ajustam à verdade. Por outro lado, pretende-se construir uma AV, nova, numa bitola do passado – atualmente MORIBUNDA – obrigando à aquisição de material circulante DESADEQUADO ao futuro.
“A nova linha será construída inicialmente em bitola ibérica (1668 mm), ficando completamente interoperável com a rede convencional, estando preparada para a futura migração para bitola padrão (1435 mm).”
Entretanto, convém olharmos para o que nos informa o Relatório sobre a AV do TCE 2018, no que ao investimento confere: “Em Itália e na Alemanha verifica-se uma boa prática: os projetos cuja fase preparatória já foi lançada ou que estão sujeitos a novas obrigações jurídicas são reavaliados antes de cada nova fase de programação …
Por exemplo, a revisão do projeto realizada no troço Veneza-Trieste concluiu”:
Ou seja, é constatado que a AV custa 3,17 vezes mais, face a uma Linha convencional, ganhando apenas em termos de tempo de viagem 18%. Dá que pensar olhando para o nosso caso. Pormenorizemos:
1. LAV Lisboa – Porto (4.500 M€)
– Ver quadro
Compreendo que a Linha do Norte esteja saturada, exigindo a construção duma sua duplicação. Mas nada obriga a que seja em AV, um investimento muito mais pesado.
2. LAV Braga – Valença (900 M€)
– Ver quadro
Não tem qualquer justificação, numa perspetiva de custo-benefício.
Trata-se de um verdadeiro atentado ao Alto Minho, por duas razões principais:
– Protagoniza um brutal desvio de tráfego à Linha do Minho (Nine – Viana – Valença);
– Pretende maximizar o hinterland de Leixões, em detrimento do natural hinterland do porto de Viana do Castelo (cf. Resumo Não Técnico da RAVE – slide 5).
E tudo sob a superior e desinteressada direção da CCDR-N! Mas será que os valores orçamentados no PNF são credíveis?
Espreitemos o que é dito numa conferência on-line em 21FEV22 – “A ferrovia no contexto ibérico”. José Carlos Clemente, diretor de Empreendimentos da IP, apontou para uma derrapagem neste projeto de 350 M€ (+ 39%), e ainda a procissão vai no adro.
Isto leva-nos a concluir pela necessidade de fazer uma correção aos valores orçamentados de + 30%, verba seguramente muito prudente.
Perante tudo o que tenho referido, parece-me do mais elementar bom senso, acabar com a ideia demagógica da Alta Velocidade,
• SUBSTITUINDO a LAV Lisboa – Porto por uma linha convencional;
• ELIMINANDO a LAV Braga – Valença, em favor duma melhoria do troço Nine/Valença da Linha do Minho (que tentarei detalhar em futuro número).
Resumindo:
Portanto, a manter-se o que está programado, que não acredito, o investimento a fazer seria da ordem dos 7.020 M€, correspondendo a 66,8% do total inscrito para a “ferrovia” no PNI2030, um ABSURDO!
Significa, acima de tudo, um ESBANJAMENTO de 5.070 M€, absolutamente necessário para um eficaz investimento na nossa Rede Ferroviária.
Virgílio Dias