A Banca e os juros nos depósitos

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Gonçalo Fagundes Meira

Na edição do semanário Expresso de 12/05, um trabalho de abordagem sobre aplicações financeiras conclui que os portugueses, nos primeiros três meses do ano em curso, desviaram da banca 7,6 mil milhões de euros, aplicando no mesmo período 9 mil milhões em Certificados de Aforro. Neste espaço de tempo em análise, pode concluir-se que os depositantes, para além do valor retirado aos bancos, não depositaram nestes mais 1,4 milhões de euros. E, ao que se estima, esta tendência é para continuar. 

No entanto, a banca ainda é detentora de muito dinheiro das famílias portuguesas. Ainda segundo o Expresso, no final de 2022, estavam lá depositados 182,4 mil milhões de euros. É, portanto, dinheiro suficiente para gerir e conseguir lucros avultados, uma vez que os empréstimos bancários, esses sim, fazem-se com juros cada vez mais elevados. Se a isto associarmos a lentidão dos portugueses na gestão das suas poupanças, optando pela fidelidade ao banco com que sempre lidaram, muito também por envelhecimento das pessoas, só podemos concluir que quem tem dinheiro na banca, vai continuar a ter pouco mais que zero lucro, mas a contribuir, isso sim, para o enriquecimento desta. 

A banca portuguesa – com lucros em 2022 de 2,5 mil milhões de euros – na remuneração dos depósitos, é a terceira pior dos 20 países da Zona Euro, mas é a oitava no valor dos juros em dinheiro emprestado. Perguntará o leitor: muito bem, e então o que deveremos fazer com as nossas modestas poupanças? Como recomenda a Deco, continuar a optar por aplicar o dinheiro possível em modalidades de melhor rentabilidade, como é o caso dos Certificados de Aforro. É correto que os lucros existam, porque nenhuma entidade de negócio pode viver sem lucros, sob pena de falir, mas é exigível que sejam justos e não especulativos, com prejuízo dos clientes.

A Associação Ao Norte acaba de realizar o seu XXIII Encontros de Cinema, (pág. 7) com um programa variadíssimo de realizações ligadas a esta arte. A Ao Norte disse, e é constatável, que “os Encontros de Cinema, ao fim de 23 anos, foram evoluindo e modificando-se, conseguindo criar uma identidade muito própria; e que se trata de um festival com reconhecimento nacional e internacional”. É verdade. O trabalho desta Associação, fundada em 1994, tem sido exemplar. Sem grande alarido, antes trabalhando de forma abnegada e voluntária, tem uma obra de produção e divulgação do audiovisual de que os vianenses se podem orgulhar. Que nunca lhes seja regateado o apoio de que é merecedora, particularmente dos poderes, é o que se deseja.

              GFM

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