A bem da Praia Norte

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Já lá vai o tempo em que a Praia Norte era procurada por veraneantes para curar os males de que padeciam, principalmente os da pele.

Ficaram na memória os banhos quentes de algas da Praia Norte. Aquelas eram fervidas e os pacientes usavam-nas nos banhos de imersão.

A Praia Norte, pelas suas características morfológicas – um paredão natural de rochedos – no enfiamento quartzítico das famosas “pedras ruivas” situadas no sentido Sul-Norte, é uma praia rica em iodo. As inúmeras e variadas algas que integram este habitat marinho devem ser preservadas.

Ainda existem em alguns pontos resquícios de explorações marisqueiras de lagosta, – as famosas lagosteiras -, onde a «Zefa Carqueja» as «pescava», e que a tornaram conhecida nos idos anos 50 e 60.

No virar do século, aproveitando as condições naturais atrás referidas, e sem prejudicar o meio ambiente, foram construídas duas piscinas de maré, que pese embora a frieza das águas, são aproveitadas pelos mais corajosos para se banharem e desfrutarem da pureza das águas iodadas.

Dizia-me um «velho lobo do mar» que foi mestre da lancha dos pilotos da barra – o «Zé Marumba» – que habitualmente usava água do mar (alguma da Praia Norte) para cozer peixe e outros frutos do mar. Quando o questionei para que queria os garrafões de água do mar, respondeu: Senhor Martins, o mar é uma farmácia. Dizendo-me ainda que “a água não só serve para temperar a comida, mas também para gargarejos e para beber em quantidades moderadas. Ela possui todos os minerais existentes na natureza”. Foi um bom ensinamento que colhi e passei a utilizar.

Sou um frequentador assíduo da Praia Norte e um defensor da sua preservação, sem muita intervenção para não alterar as características naturais. Defendo, contudo, algumas melhorias, mas sem tirar a essência.

Algumas pessoas, que frequentam este espaço de lazer, dizem-me que o passadiço que conduzia ao antigo lagosteiro está em mau estado. Também referem que as piscinas estão furadas, deixando entrar os polvos e não permitindo reter a água na baixa-mar.
Uma pequena intervenção nos pontos referidos tornaria a praia mais apelativa para os amantes da natação, especialmente alguns que, mesmo no inverno, não prescindem de tomar banho de mar. E eu conheço-os.

Com meia dúzia de sacos de cimento, dois homens fazem este trabalho em dois dias.

Manuel Martins

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