Não vale a pena apresentar indicadores nem fazer previsões, porque a realidade está à vista de todos: este mundo em que vivemos está a caminho do fim. O que quase diariamente vemos, com catástrofes diversas a acontecer um pouco por todas as regiões do globo, não deixa margem para dúvidas. Irresponsavelmente ou criminosamente será o termo mais indicado, não falta gente (com presidentes de nações incluídos) a teorizar que há dramatismo em excesso e que o conhecimento saberá encontrar soluções para contornar o chamado aquecimento global, que tem como causa uma elevada concentração de dióxido de carbono na atmosfera, que nunca deixou de crescer, particularmente desde finais do século XVIII, com o início da revolução industrial. Ora o que a ciência nos vem dizendo é que não tem soluções para o desastre que se aproxima; e que tudo tem que passar pela alteração dos paradigmas de desenvolvimento das economias mundiais e de comportamentos das populações em geral nas suas práticas de vida.
O forte crescimento populacional (estima-se que aumentou sete vezes desde o princípio do século XIX) levou a uma intensiva exploração do planeta em todos os domínios, encaminhando este para a exaustão de recursos e de degradação do ambiente. E se o caminho não pode ser o da limitação de condições de vida a quem nunca as teve, também não pode ser o do consumo excessivo da parte de quem com excesso vive. O Ser Humano é, por natureza, insaciável. E não são gestos de boa vontade isolados e pontuais que iludem esta realidade. Ora, se assim é, quem governa tem obrigatoriamente que estabelecer consensos e criar regras para que a gestão dos recursos da terra se faça tendo em conta a sobrevivência das gerações vindouras.
Contudo, o que estamos a ver nesta cimeira de Glasgow, que termina já amanhã, dia 12, é que nem todos dão a devida importância à gravidade da situação. O mundo, em boa parte, ainda é governado por déspotas, pouco preocupados com as desgraças que vão acontecendo e com o futuro. Veja-se o caso da ausência neste conclave dos presidentes das nações mais poluidoras, como a querer dizer queremos lá saber do ambiente, “quem vem atrás que feche a porta”.
Está suficientemente provado que, para além de contributos individuais na nossa forma de estar e viver, não nos podemos alhear de uma intervenção cívica de forte alcance que obrigue à adoção das medidas que a ciência desde há muito aponta para a salvação deste planeta que é de todos, presentes e futuros. Mas isto só pode ser feito em liberdade, porque a tirania sufoca o direito à vida.
GFM
