A crise que nos tolhe e entristece 

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Portugal está de novo em crise. Não é o fim do mundo, mas não precisávamos disto. O que o país necessita é de estabilidade e boas políticas, geradoras de riqueza e promissoras de melhor nível de vida para todos os portugueses, a começar pelos mais carecidos.

Os problemas não se resolvem com agastamentos entre poderes, com cada um a reivindicar orgulhosamente a gestão do seu espaço, muitas vezes com discursos inflamados, esquecendo que o povo os elegeu para assumirem práticas de humildade e empenhamento numa boa governação. Se, em vez de arrufos, fossem feitas abordagens sérias e bem estudadas das matérias próprias da boa gestão, seríamos de certeza um país melhor, um espaço onde daria mais orgulho viver.

Quem governa não pode ter amigos. O maior amigo de quem nos governa tem que ser o povo no seu todo. O amigo deixa de o ser, quando, não tendo perfil para determinadas funções, usa a amizade para o conseguir. Infelizmente, o amiguismo e o cartão partidário estão, desde há muito, enraizados na nossa sociedade, tornando fraco um poder que se quer competente e determinado para bem da nação. Quem coloca em funções quem não tem aptidões para as exercer, não respeita os princípios a que se comprometeu, sob palavra de honra, quando foi empossado.

Se boa parte destes vícios estivessem arredados da sociedade, teríamos mais estabilidade e, provavelmente, não estaríamos perante mais esta crise que acaba de se instalar; teríamos a esperança de não ver projetos adiados, que andamos a debater há mais de 50 anos, como é o caso de um novo aeroporto; acreditaríamos que seria hora de avançar com investimentos para os quais dispomos de dinheiro que a Europa nos dá a fundo perdido; e admitiríamos que poderíamos encontrar soluções razoavelmente justas para problemas graves, como são os da saúde, habitação, educação e outros.

Assim não acontece. Contudo, nem agora nem no futuro, podemos deixar de acreditar nos valores que comporta a nossa democracia, para repor celeremente o funcionamento normal da governabilidade. Provavelmente, vai avançar-se para nova consulta popular. Só temos que a aceitar com normalidade, não deixando de fazer dela espaço de debate, de crítica, de exigência e de mais respeito da parte de quem nos vier a governar. É tempo de refletir, debater e exigir.

                                    GFM

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