A critica sem realismo tem pouco sentido

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A crítica aos poderes, quando feita na base da racionalidade, contribui para a melhoria da gestão da coisa pública, valoriza a democracia e melhora a sociedade. Daí que os jornalistas, especialmente os mais lidos, tenham responsabilidades acrescidas na análise e juízos que fazem.

Tem pouca lógica a opinião de que tudo o que se faz é mau, que nada de bom acontece e de que tudo é catastrófico. Da governação com erros nenhuma nação se livra, sendo que em muitas há governações desastradas e mesmo despóticas, especialmente onde a democracia deixou de existir ou nunca existiu. O nosso país, sendo democrático e de liberdades consagradas, não se apresenta de todo como o melhor exemplo de governo, o que muito tem contribuído para o insuficiente crescimento económico e escasso desenvolvimento integrado, apesar do grande salto que deu com a revolução de 1974, especialmente a partir da nossa adesão à Comunidade Económica Europeia em 1985, União Europeia desde 2009.

Contudo, a boa gestão só se consegue com a participação de todos: interagindo, apontando males, sugerindo alternativas e praticando a cidadania plena. A debitar considerações televisivas ou a escrever desancando a esmo, por vezes de forma infundamentada, é que não vamos lá. João Miguel Tavares, visto como um dos melhores colunistas portugueses (presidente da comissão organizadora das comemorações do Dia de Portugal em 2019), no jornal “Público” de 6 de junho passado, escreveu uma crónica com o título “Dinheiro fresco para os velhos vampiros”, terminando dizendo: “A pandemia do compadrio está a chegar. Há uma nova bazuca – e é para gastar à maluca”. Pelo meio é arrasador em dinheiros malgastos, sentenciando já que, mais uma vez, não vamos estar à altura de saber utilizar as verbas que a UE vier a disponibilizar para combater a crise resultante da pandemia que se vive.

Em meu entender, esta é a pior forma de fazer a crítica apropriada e educativa que se deseja, ainda para mais conduzida por um colunista apodado de referência no panorama da imprensa em Portugal. É obrigatório denunciar o mau uso e até a delapidação dos dinheiros públicos; e é fundamental exigir vigilância sobre os poderes, e quem destes está próximo, em relação à utilização de bens que são da comunidade.

Assim como é impositivo defender a distribuição da riqueza em termos de proporcionalidade, mas o país também não está a saque. Há muita gente séria entre nós, temos é que saber escolher os melhores para nos governar. E aí a imprensa, especialmente a que consegue fazer opinião, deve estar pronta a ajudar e não a passar uma ideia distorcida da realidade, porque isso é prestar um mau serviço ao estado democrático que somos.
GFM

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