A densificação da Rede Ferroviária Nacional (RF)

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Em boa verdade este PFN2022, com assinatura de Pedro Nuno Santos, dá significativo ênfase a esta vertente. Ainda bem!

O Plano refere como objetivo de coesão territorial ligar 26 centros regionais, conforme mapa anexo, que correspondem praticamente à ligação entre a globalidade das sedes das Comunidades Intermunicipais e Áreas Metropolitanas.

Parece-me um objetivo correto.                                       

De facto, densificar a Rede Ferroviária é fundamental para:

  • Atingirmos maiores níveis de COESÃO TERRITORIAL;
  • Potenciarmos o processo de descarbonização, através duma maior utilização do transporte coletivo de passageiros.

A prossecução do objetivo da densificação da RF passa pela ATRATIVIDADE que ela possa ter junto dos potenciais utentes, cujos atributos deverão ser:

1. Frequência (o PNF2022 chama-lhe “cadência”);

2. Diversidade de percursos, com mais ou menos paragens;

3. Pontualidade;

4. Comodidade;

5. Preço.

Os 3 primeiros pontos, não são compatíveis com VIAS ÚNICAS, apoiadas em pequenos troços de via dupla, para cruzamento de composições.

A existência de VIA DUPLA é imperativa, como facilmente se compreenderá.

E, se os traçados das linhas existentes não comportam uma via dupla, então construam-se novos traçados.

Alguém compreenderá que hoje se faça uma estrada nacional para só se circular num sentido?

A negra situação atual é consubstanciada no quadro abaixo (fonte IP),  sobre as Vias em Exploração, o qual nos mostra uma visão perfeitamente terceiro mundista:

1. 75% da RF é em Via Única;

2. Via dupla, quase só na linha litoral que vai de Setúbal a Braga. (ver quadro)

Mas pior que a situação atual é a manutenção do mesmo padrão de renovação.

Continua-se a insistir na Via Única, mesmo naquelas que são as nossas ligações à Europa!

Veja-se o que foi feito, por exemplo, na recente modernização da Linha do Minho (Nine -Valença).

E lá foram quase 100 M€. Tristeza!

Densificar a RF é, também, CAPILARIZÁ-LA, isto é, construír ramais aos pontos de concentração industrial, para o transporte de mercadorias, sem esquecer o Ramal ao porto de Viana do Castelo (único porto comercial principal sem Ramal Ferroviário).

Em conclusão, o PNI2030 só inscreve para a Densificação Ferroviária intervenções em 4 Linhas (Sul, Alentejo, Corredor Internacional Norte e Corredor Internacional Sul).

Quanto ao IMENSO RESTANTE um dia acontecerá, saiba-se lá quando!

Muito, mesmo muito pouco, face ao prometido.

Claro, que a racionalidade deste plano centra-se na ESTÚPIDA opção pela Alta Velocidade, que consome a maior parte do “bolo financeiro”, num esbanjamento que estimo da ordem de mais de CINCO MIL MILHÕES de Euros (vêr nº anterior).

Isto dá conta de como se “vendem sonhos”, mas se escondem as incapacidades!

Virgílio Dias 

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