A escola, da formação à certificação

Carlos Branco Morais
Carlos Branco Morais

No arranque do novo ano escolar, como já é habitual, debate-se muito a situação dos docentes, pouco os problemas dos discentes e quase nada o estado da educação.

Iniciei funções públicas como docente do ensino técnico profissional e cessei-as como dirigente escolar do ensino superior politécnico. Devendo muito do que sou à escola, não será de admirar que tenha depositado nela muita fé e esperança como instituição de humanização, sociabilização, formação cultural e ensino/aprendizagem profissional, que fosse motor de desenvolvimento e principal elevador social. 

Beneficiaram-se as instalações e o equipamento das escolas, públicas e privadas, e melhoraram-se os seus quadros de pessoal docente, administrativo e auxiliar. Mas os conteúdos programáticos, quase sempre aprisionados pelo conservadorismo institucional, continuam maioritariamente desfasados da realidade, sempre em mutação. E o ato pedagógico, que tem muito de comunicacional, salvo raras exceções, não acompanha o desenvolvimento das tecnologias de informação.

Será unânime verificar que a atratividade da escola continua a diminuir. Os alunos acham-na demasiado teórica e pouco prática, ultrapassada e aborrecida. Os docentes vão perdendo poder de compra e prestígio social, queixam-se de muito trabalho burocrático e descreem da sua missão social. E a sociedade, ante a crescente massificação dos certificados que a escola emite, desde o secundário ao doutoramento, atribui-lhe importância cada vez menor. Aumenta o número dos jovens, e menos jovens, que desafiam o ensino tradicional e questionam a utilidade e capacidade formativa da escola atual. E, se não se inverter esta tendência, poderá restar à escola pouco mais que o seu poder de certificação, emitindo diplomas sem os quais não é permitido o acesso a um grande número de profissões, sobretudo na administração pública, regional e local, mas cada vez mais mal remuneradas. 

Urge renovar a escola!

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