A Gerontopsicomotricidade

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Nos últimos anos, a nossa sociedade tem enfrentado um desafio social: o envelhecimento. Verificamos que, cada vez mais, as pessoas duram mais anos, com elevado grau de dependência e com menor qualidade de vida. Mesmo perante este desafio, estará a nossa sociedade preparada para o que se avizinha?

O percurso de envelhecimento é um processo natural e único e que, deve ser definido de acordo com as características individuais, o contexto cultural, as condições económicas, a condição de saúde física e mental de cada indivíduo, levando em consideração as relações sociais que este pode e deve estabelecer, de forma a satisfazer as suas necessidades psicológicas e dando-lhe um sentido de pertença e apoio.

Hoje, é urgente deixar cair por terra os estigmas associados ao envelhecimento. Este não deve ser significado de doenças nem de fragilidade. Cabe-nos a todos nós, no nosso dia-a-dia, sermos facilitadores da mudança deste paradigma. Permitir aos idosos continuar a pertencer e participar na comunidade, contribuindo com saberes, experiências e capacidades que, só a bagagem de uma longa vida transporta. A participação ativa dos séniores, não pode nem deve ser definida pela capacidade física de força de trabalho. Há tanto a ouvir e a aprender com os mais velhos! Porque não, permitir que estes sejam guias da sua comunidade? Porque não, permitir a quem, toda uma vida viveu na sua terra e melhor do que ninguém, sabe mostrar os encantos da sua comunidade, as suas lendas e tradições? Seremos nós capazes de contar a história de uma sociedade melhor do que aqueles que a experienciaram, que fizeram parte dela? Estaremos nós, verdadeiramente a contribuir para um envelhecimento ativo, como tanto se tem preconizado?

De forma a contribuir para um envelhecimento com a maior qualidade de vida possível, nasceu a Gerontopsicomotricidade. Esta é uma terapia não farmacológica, que recorre ao corpo do sénior como o seu instrumento de trabalho, permitindo prevenir e retardar as alterações inerentes e inevitáveis desta fase da vida. Através de uma vertente de reeducação de perturbações psicomotoras, cognitivas e emocionais, a Gerontopsicomotricidade tem em conta o idoso como um todo e recorre a técnicas psicocorporais, auxiliando-o na adaptação à sua nova realidade. Por este motivo, esta deve ser tida em consideração como terapia integrante em programas e projectos direccionados aos mais velhos. A Gerontopsicomotricidade pode ser desenvolvida em contexto de domicílio, em comunidade ou em instituições, em grupo ou de forma individualizada, sendo uma intervenção que se desenvolve através da criação de atividades prazerosas, de fácil reconhecimento, o mais aproximadas da realidade do idoso e que valorizem a sua história de vida, o seu percurso profissional e os gostos e preferências do mesmo. Através do lúdico e das reminiscências do indivíduo, levamos a cabo uma intervenção centrada na pessoa, fornecendo-lhe ferramentas imprescindíveis para a manutenção da sua autonomia, independência e funcionalidade, garantindo a concretização das atividades de vida diária e prevenindo perdas significativas, capacitando-a de estratégias para permanecer o maior tempo possível no seu domicílio retardando, assim, a sua institucionalização.

Ana Costa

Psicomotricista

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