Comecei a frequentar essa “universidade” com, apenas, dez anos de idade. Adorava e vibrava com os filmes de cowboys americanos. Aqui, é de salientar o Tom-Mix, o Buck-Jones, o Hopalons-Cassidi, com o seu lindíssimo cavalo branco, a cavalgar contra os índios e os bandidos do Faroeste!…
Depois, o Charlot, das “Luzes da Cidade” e “Quimera do Oiro”. Ainda tenho presente – (já lá vão mais de oitenta anos) – daquela extraordinária cena em que, ele, para ganhar algum dinheiro, a fim de pagar a operação aos olhos, de uma jovem ceguinha, que vendia flores na esquina, ou passeio, do seu bairro, se ofereceu para combater, num ringue de boxe, cheio de gente, a estimular, aos berros, um gigantão, que passava a vida, atrás dele, a distribuir murros, por tudo quanto é sítio, mas nunca encontrava o corpo, franzino e branquinho, de leite, do Charlot. Ele arranjava sempre maneira de se refugiar, nas costas do adversário, debaixo das suas pernas, fugindo, para aqui e para ali, sem nunca ser apanhado. É de cair aos tombos…
Depois, mais tarde, “Tempos Modernos” e o “Ditador”, em que Charlot, ridicularizava a figura de Hitler, pondo-o a dançar, com a “bola do universo”, assim como quem joga, a brincar, ao futebol, lembram-se!?
Mudando de cenário – recordo-me do “Arold-Sois”, do “Pamplinas”, dos parceiros, “Laurel e Ardi” (Bucha e Estica) eu sei lá!? – até ao “Cantiflas” e aos irmãos Marx – lembram-se?!
Mas de todos os filmes, vistos por mim, mais tarde, no cinema S. João, do Porto, recordo-me, excecionalmente, do “documentário – expressionista”, a preto e branco, denominado por “Douro, faina fluvial” e ainda do filme “Aniki-Bobó”, ambos do realizador português Manoel de Oliveira, que se integra, perfeitamente, na Escola Neo-Realista do cinema italiano.
Por essa altura, talvez, do “Peço a palavra” de “Capra”, com o genial ator James Stuart; do “João Ninguém”, com Gari Cooper, e, sobretudo, do filme “Doze homens em fúria”, com Jane Fonda, todo passado numa sala de tribunal, onde um escolhido “júri”, se preparava, por unanimidade, a condenar à morte, um jovem americano, e, apenas um só componente desse “júri” conseguiu, com o seu poder de argumentação, mudar o voto de, culpado para inocente, após longa discussão e debate, no qual, ele faz ressaltar problemas pessoais, anti-democráticos, racistas, psicológicos, e outros, das várias figuras que compunham esse mesmo “júri”…!
E, ainda, o “Tudo o vento levou” (um filme extraordinário) que nos fala da Guerra Civil americana, entre o Norte e o Sul, e aborda problemas de latifundiários, racistas; da escravatura negra, e tantos outros, com a excecional presidência de Lincoln, digna da maior admiração de todo o mundo!
É de salientar, as figuras dos seus atores, sobretudo de Clark Gable.
Dos filmes, dessa época estudantil, o que mais me marcou foi o de, desenhos animados, elaborado pela equipa, dirigida pelo genial, Walt Disney, a que deu o nome de “A branca de neve e os sete anões”. Essa película, entrou muito na minha sensibilidade de jovem-artista de Belas Artes, do Porto, e fui vê-la, durante dias, todas as semanas, ao cinema Rivoli, tão cantado pelo Rui Veloso…
“Ladrão de bicicletas”, “Casa branca”, “A lista de Chindler”, “Serenata à chuva” são alguns dos filmes, que, mais tarde, se for possível, falarei em pormenor…
Não quero acabar sem me referir, ainda, a um filme que foi há uns dias, denominado por Cine-Paraíso, que é de uma ternura e de uma humanidade excecional que me chegou às lágrimas…
Não fixei o nome do realizador, mas sei que o filme obteve um Óscar e muitos outros prémios dignos de registo.
Foto: “Sapo Mag”