A modernização da Linha do Minho no troço Nine/Valença, entretanto realizada ao abrigo do Programa Compete, NÃO SERVE VIANA DO CASTELO, NEM O ALTO MINHO.
Em boa verdade significou DESPERDIÇAR mais de 86 Milhões de Euros! Vejamos então:
A Infraestruturas de Portugal refere-nos como principais intervenções realizadas:
Eletrificação da Linha; Instalação de sinalização eletrónica e telecomunicações; Adequação de laouts; Construção de novas estações técnicas para o cruzamento de comboios de mercadorias até 750 metros; Intervenções em obras de arte e passagens de nível.
Resultando como principais benefícios:
Maior conforto para os passageiros; Maior circulação diária:
De … 15 comboios/dia de 300 metros comprimento;
Para … 20 comboios/dia de 750 metros comprimento.
Menores tempos de percurso:
Para os percursos regionais …menos 6 minutos; Para os percursos inter-regionais … menos 12 minutos
Comentemos:
Tratando-se de uma Linha de Via Única, o aumento da circulação de 5 comboios / dia significa, em cada sentido, metade desse número. Ou seja, a IP passa a contemplar-nos, digamos, no período das 07H00 às 22H00 (15 horas) com uma frequência média, em cada sentido, de uma composição em cada 90 minutos.
Razão pela qual esta PÍFIA oferta não conseguirá atrair e fixar os utentes pendulares da Linha do Minho, de Valença, Cerveira, Caminha, Âncora, Afife, Viana do Castelo, Darque, Barroselas e Barcelos, os quais exigem:
Maior conforto nas carruagens; Maior frequência; Fiabilidade de horários; Tempo de viagem aceitável.
O que só acontecerá se houver horários diferenciados para diferentes tipos de viagem, o que, inevitavelmente implica, que a Linha do Minho seja em VIA DUPLA em toda a sua extensão. Não há outra hipótese!
A acontecer implicará:
Nova travessia do rio Lima em Viana do Castelo; Nova estação; Travessia do monte Santa Luzia por tunel.
Solução que permitirá uma profunda alteração na mobilidade do centro da cidade, absolutamente necessária num futuro próximo.
Impõe-se, também, a rápida REFORMULAÇÃO do “Nó de Nine”, permitindo uma ligação ao Ramal de Braga feito de modo expedito, isto é, proporcionando ligações diretas, sem mudanças de composição e sem desnecessárias perdas de tempo.
Esta estratégia deverá ser ampliada com uma ligação entre Braga e Guimarães, passando pelo Avepark.
Esta pequena parcela da Rede Ferroviária Nacional, convenientemente explorada, será um importante contributo para uma maior COESÃO TERRITORIAL, pensando o país não só no seu desenvolvimento longitudinal, mas com o “propósito de lutar contra a interioridade” no sentido transversal.
Uma ligação Guimarães / Avepark / Braga / Nine / Viana do Castelo é importantíssima para uma dinâmica de desenvolvimento do Minho, como um todo:
Facilitando a deslocação de pessoas; Potenciando intercâmbio académico; Concatenando Parques Tecnológicos e Universidades regionais; Valorizando o hinterland do porto de Viana do Castelo, em alternativa / complemento ao do porto de Leixões, etc..
Em conclusão:
Para quem pense que esta perspetiva é utópica, devo salientar que maior utopia e asneira é pretender fazer a Linha de Alta Velocidade Braga / Valença, seguramente, muito mais onerosa.
Virgílio Dias