A música entre a geração

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Já desde Woodstock, na época do surgimento do “peace and love” que o mundo festivaleiro se cruzou com os corações da juventude da época, talvez pela sensação de liberdade e anarquia anexada ao conceito. E desde aí que essa paixão pela música ao vivo se manteve.
A música sempre foi um meio de difusão de ideias, tendo até sido utilizada quando as ideias não podiam ser difundidas.

No entanto, apesar do conceito de festival de outrora, na sua essência, continuar parecido com o da atualidade, talvez o público e o porquê da adesão a este tipo de iniciativas se tenham alterado ligeiramente.

Analisemos o passado, anos 60/70, quando o sentimento relativo a festivais por parte de uma grande fatia da sociedade era o de reprovação, originado, talvez, pelo género de música que ganhou ênfase na faixa etária mais jovem da época. No entanto, havia um sentimento muito mais latente de amor à música, tendo esta, muitas vezes, uma mensagem de incentivo à formação de opiniões e à necessária revolta e não resignação.

Atualmente, a música continua a ser um meio de difusão de ideias revolucionárias. No entanto surgiu toda uma panóplia de estilos musicais completamente distintos, festivais de pop, de rock, de reggae, de jazz, etc.… Talvez o fator “atentar contra o pudor” não se encontre mais tão enraizado como objetivo da ida aos festivais, visto grande parte dos tabus dos nossos contemporâneos terem sido, finalmente, normalizados.

No entanto, vejo uma relativa desvalorização da música em si e uma valorização desnecessária do festival. Uma necessidade de dizer que se compareceu, em vez de simplesmente se comparecer pela arte em si.

Na minha perspectiva, a evolução da importância da música em Portugal ainda tem um longo caminho a ser percorrido. Proporcionar oportunidades a artistas portugueses que ainda não têm tanto renome e abertura a novos horizontes é, a meu ver, de extrema importância. No entanto, já se conseguem ver estas apostas em alguns festivais nacionais, principalmente festivais de baixo orçamento, o que é intensamente enriquecedor para a cultura festivaleira portuguesa.

Ana Branco

Foto: Notícias ao minuto

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