A NATO – de aliança atlântica a aliança global?

Carlos Branco Morais
Carlos Branco Morais

Na cimeira de Madrid, a Aliança Atlântica redefiniu profundamente o seu conceito estratégico. A Rússia que, desde a cimeira de Lisboa, em 2010, era considerada “parceiro”, passou a ser tida como “ameaça” da Aliança e “adversário” principal dos seus membros europeus.

Da nova leitura geopolítica, decorrente desta cimeira histórica e “transformadora” e da reunião do G7, alargada a alguns países asiáticos e africanos, resulta, também, a alteração do seu posicionamento da NATO relativamente à China que, de “quase parceiro”, passa a ser um “concorrente sistémico”.

Nos últimos tempos, a globalização e o desenvolvimento tecnológico aumentaram o poder geoestratégico de regimes autocráticos, particularmente da China e da Rússia, pondo em risco a prevalência dos valores democráticos dos países ocidentais. E parecendo acabada a distinção entre luta económica e luta militar, altera-se o tabuleiro geopolítico e o mundo torna-se mais perigoso. 

A invasão da Ucrânia pela Rússia operou uma viragem de quase 180 graus na estratégia da NATO. Esta, de organização política e militar regional de estados norte-americanos e europeus ocidentais, e parceiros do Indo-Pacífico (entre eles, Austrália, Nova Zelândia, Coreia do Sul e Japão), estará a transformar-se em organização defensiva global, suscetível de integrar outros parceiros, sobretudo da África e da Ásia.  A alteração do tabuleiro geopolítico, o risco de terrorismo e de ciberataques e o desafio das alterações climáticas serão razões mais do que suficientes para que a Aliança se reforce e alargue a ainda mais países, aderentes e parceiros, numa nova fase da sua história de mais de sete décadas.

O mundo muda e a NATO prepara-se para esta mudança!

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