Na segunda-feira passada, dia 17, comemorou-se o Dia Mundial da Pobreza. Boa parte da população mundial nem se apercebeu do facto. O povo, habituado aos dias especiais das mais variadas coisas, muito para as lembrar e menos para as resolver, já faz aposta na indiferença em relação a estas datas. Contudo, a pobreza, que já foi bem mais penalizadora do que presentemente é, volta a estar aflitivamente na ordem do dia, em Portugal e no mundo.
Em Portugal, as estatísticas dizem-nos que há mais de dois milhões de pobres, e que poderíamos ultrapassar os quatro milhões, caso não houvesse assistência social ativa. Também parece líquido que passamos de 13.º para o 8.º país mais pobre da União Europeia. São valores que nos devem desassossegar, até porque há outras realidades a que não podemos ficar indiferentes. Diz-nos o jornal “Expresso” que a meta de retirar 600 mil pessoas da situação de pobreza até 2030 fica comprometida, já que, contas feitas, a inflação encurta o salário mínimo de 705 para 639 euros. Adianta ainda o mesmo semanário que, “por relatos recolhidos em diferentes pontos do país, aumenta a procura das urgências do Serviço Nacional de Saúde por utentes que simulam doenças para garantirem um prato de comida e um pouco de companhia”. Porém, paradoxalmente, esta realidade confronta-se com outra bem diferente: cada português deita fora meio quilo de comida por dia, a demonstrar que, mesmo em dificuldades, ainda desperdiçamos demasiado.
Infelizmente, nunca deixaremos de ter pobres, mas tudo deve ser feito para os limitar a números residuais, sendo este o momento menos fácil para o conseguir. As guerras são o maior flagelo das sociedades e esta que temos no continente europeu é bem demonstrativa disso. Colocar-lhe um ponto final é o maior imperativo do mundo civilizado. Não sendo fácil, dados os contornos que o conflito atingiu, e no qual se joga muito a liberdade que temos e queremos manter no nosso espaço, ela tem que ter um fim no curto prazo, porque não são só os níveis de pobreza que cria, é muito mais o incontável número de mortos que dela resultam, sem esquecer o quanto já se está a tornar frágil a preservação do planeta que habitamos. Nas guerras nunca há reais vencedores e vencidos. Nas guerras, vencedores são aqueles que as sabem evitar. Quem invade um país soberano é sempre o grande culpado dos conflitos daí resultantes, mas a arte tem que estar sempre em saber conter o invasor. A questão que se coloca é se tudo foi feito para que esta guerra fosse evitada.
GFM