Na primeira década deste século, vivi na Suíça cinco anos da minha vida.
Fixei residência no centro histórico amuralhado de uma pequena cidade do centro do país, onde se ouvia o toque dos chocalhos e se respirava o odor das vacas, que pastavam pelas encostas e vales, verdejantes e floridos. Daí, parti a percorrer os recantos da Confederação Helvética, todos diferentes na paisagem, na história, na cultura e até na língua, mas todos encantadores.
Surpreendeu-me a frugalidade na administração pública, tanto em pessoal como em instalações, desde os serviços comunitários à polícia e aos tribunais, contrastando com a sua alta eficiência e o elevado respeito pelos utentes, sobretudo os mais humildes.
Constatei a grande importância dada à instituição militar, no país que simboliza a paz. Sendo o serviço militar obrigatório para homens e voluntário para mulheres, não havia cidade ou vila importante que não tivesse pelos menos um quartel.
Quase todos os fins de semana, descia ao Lago Léman, para matar a saudade do mar de Viana, caminhando junto a ele, no “pedaço de paraíso” que vai de Vevey a Montreux. O belo casario desta cidade, a subir do lago para as montanhas, recordava-me as casas entre o estuário do Lima e o monte de Santa Luzia.
Agora, enquanto Viana do Castelo delapida grande parte dos seus parcos recursos na demolição de um prédio de apartamentos de 13 andares, edificado nos anos 70, a próspera e turística cidade de Montreux continua a conservar as suas duas torres, construídas em meados da década de 60: o edifício de apartamentos “Torre de Marfim”, com 29 andares, e o Hotel Riviera, de 17.
Confirma-se, mais uma vez, que o nível de prosperidade dos povos se deve muito à qualidade da sua governação!