A tragédia das Guerras

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Quando iniciada a invasão da Ucrânia pela Rússia, aqui escrevemos sobre a necessidade de não deixar a guerra impor-se, porque o atacante, vendo frustrados os seus rápidos objetivos de vitória, melhor aceitaria negociações. Mas a euforia, sempre má conselheira, ditou o avanço do conflito, esquecendo-se que o invasor não vive em estado democrático e será capaz de tudo para não sair derrotado.

Instalada uma perigosa confiança na Europa e na América, nos órgãos de comunicação social passamos a ver dezenas de comentadores a prognosticar vitórias redundantes, fazendo, com falta de visão de futuro, abordagens circunstanciais do teatro da guerra. Diz-nos a sabedoria que as análises que não preveem o vindouro são quase sempre desprovidas de valor. Hoje, o resultado é o que vemos: uma Ucrânia destroçada; milhares de mortos de ambos os lados; uma Europa com mais problemas, porque democrática e sujeita a uma opinião pública suficientemente crítica; e uma América a dizer que não está para financiar eternamente conflitos. Oxalá que tudo acabe bem, que a Ucrânia se mantenha independente e se recupere de uma tragédia de que o povo ucraniano não era merecedor. Falta saber, depois, quem vai pagar os custos da recuperação deste país semidestruído. Pelo menos, a Europa, como sempre, lá estará, com duros encargos para os seus povos. 

Pelo mesmo caminho vai a guerra no Médio Oriente. Israel foi alvo de um ataque bárbaro cometido pelo Hamas, que merece o maior repúdio dos povos civilizados. Mas a solução, como também aqui se alertou, não passava por esta calamidade a que assistimos: um povo, que não tem culpa dos crimes praticados por quem diz representá-lo, acossado, em fuga sem saber para onde caminhar, sem teto, comida e assistência médica, a morrer como tordos numa faixa de terreno arrasada. De acordo com o Governo de Gaza, já morreram mais de 16.000 pessoas, entre elas 7.000 crianças e quase 5.000 mulheres, perante a incapacidade daqueles que foram a correr a Israel solidarizar-se com o Governo mais extremista daquele país, aliado do mesmo Hamas, enquanto lhe conveio, para dividir o poder palestiniano e evitar a criação da nação da Palestina.

A miopia continua a campear entre aqueles que têm a responsabilidade de, civilizadamente, governar o mundo. Alguém terá dúvidas de que toda esta tragédia a que assistimos diariamente fomenta ódios profundos e cria milhares de desesperados para semear o terror e não deixar ninguém em paz, agora e sempre? Admira que não se compreenda que a guerra é o pior dos males e a pior das soluções para sanar conflitos.                  

GFM

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