A vida e o valor dos vianense dos séc. XVI a XIX

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Alfredo Faria Araújo

D. António Prior do Crato teve sempre o apoio das gentes de Viana, pois foi das terras do país que mais o protegeu das forças espanholas, comandadas pelo Duque de Alba.
Deram-lhe asilo, defenderam-no e proporcionaram-lhe a fuga. Teve mesmo de se vestir de aldeão para despistar o inimigo.

Deu nome a uma rua da vila por nela ter habitado, mas na impossibilidade de vencer o exército adversário, teve de capitular.

Em 1580, as tropas do Conde de Lemos ocuparam Viana e a gente viu-se amordaçada, mas aquando da Restauração, rejubilaram e o povo assaltou o Castelo de Santiago da Barra, expulsando de lá o invasor.

A 20 de dezembro de 1640 D. João IV é aclamado. As tropas portuguesas vão fortalecer a fronteira, vigiar a costa e preparar-se para as lutas que se vão seguir.

O novo Governador do Castelo, Manuel Lopes Brandão, pediu tropas ao Porto a fim de ajudar e proteger a fronteira. Os espanhóis entraram por terra e chegaram a Valença a 07 de maio de 1657, tendo papel preponderante nas lutas, o vianense Pedro Gonçalves Rotheia.

Em 1713 deu-se por finda a guerra da Restauração e o rompimento do século XVIII coincidiu com o princípio de uma era afortunada para Portugal. Viana renasce para o comércio e para a civilização, sobretudo para o Brasil sendo o ouro e os diamantes o sustentáculo desse renascimento.

No reinado de D. José pertenciam a armeiros vianenses mais de 70 navios, usados na rota do Brasil e das Áfricas e no tráfico marítimo com o norte da Europa, Suécia, Rússia e Inglaterra entre outros países. Era o esplendor. Procurou-se disciplinar a produção e o comércio dos vinhos verdes. Fixaram-se em Viana estrangeiros a fim de fomentar o negócio dos vinhos e da indústria da pesca.

O armeiro vianense Gonçalo de Barros Lima, morador na rua da Bandeira, ajudou com navios e dinheiro a partida da família real para o Brasil.

Como o litoral continuava infestado de corsários franceses, os armadores obrigaram-se a construir, guarnecer e artilhar um vaso de guerra, que ofereceram ao Rei que ordenou denominá-lo Leal Invicta Viana.

Não há bela sem senão. As invasões francesas, a seguir a independência do Brasil, o assoreamento da barra mais a abertura dos portos brasileiros a navios europeus deram o golpe fatal na nossa marinha mercante.

Junot ocupou Viana de 13 a 24 de abril de 1809 e a vila defendeu-se e nela pontificou o General Luís do Rego.

Beresford veio comandar as tropas portuguesas em janeiro de 1810 e Viana contribui com dinheiro e homens para a constituição do exército nacional, ajudado por soldados ingleses.
Infantaria 9, de Viana, notabilizou-se na batalha de 21 de julho de 1813 tal como já antes em 27 de setembro de 1810 o fizera no Buçaco. Em 15 de agosto de 1814 o nosso regimento regressa à casa e é recebido apoteoticamente.

A unidade extinguiu-se em 1828, mas dela guarda a cidade a memória da imagem do Senhor dos Quartéis que se aliou a ela durante a guerra peninsular e as honrosas bandeiras oferecidas como distinção pela bravura demonstrada e que se encontram na igreja de S. Domingos.

Em Viana havia muitos absolutistas, mas os militares estavam comprometidos com a revolução liberal de 24 de agosto de 1820. O regresso do Brasil (Pernambuco) de Luís do Rego coincide com a publicação oficial da Carta Constitucional de 1822. Luís do Rego adere ao partido liberal e recebe o governo das armas do Minho. Porém, depois passou-se para o lado de D. Miguel. Estas mudanças de opinião deram-se em muitas outras pessoas importantes.

Em 1846 a vila revolta-se na Patuleia pela causa da Maria da Fonte contra os Cabrais, tendo eleito uma junta de Governo. Volvidos poucos dias e devido à audácia do Tenente, de alcunha o Pinotes, os Cabralistas tomaram novamente a Praça e tiveram de refugiar-se no Castelo porque o povo das aldeias, sublevado, invade a Praça, assalta a fortaleza provocando roubos e mortes que só acabam com a intervenção do clero.

O Castelo foi abandonado e em janeiro de 1847 guarnecido por soldados vindos de Valença e fiéis a D. Maria II. Pouco depois as tropas Miguelistas entram na vila intimando o Castelo a render-se o que não conseguiram e foram perseguidos pelos liberais. No entanto, voltaram à carga e recuperaram a vila cercando o Castelo obtendo as boas graças de quase toda a gente da região.

Travaram-se lutas e assaltos, a guarnição resiste e os ocupantes tornaram-se magnificentes. D. Maria II por decreto de 20 de janeiro de 1848 considera um feito de armas extraordinário e eleva a vila a cidade dando-lhe o nome atual.
Glória a Viana que tais filhos tiveste!

Referência: Crespo, Dr. José – Monografia de Viana do Castelo, 1957, Edição da Câmara Municipal
Foto: Mundo Português

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