A Vinha e o Vinho Açoriano da Ilha do Pico

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Alfredo Faria Araújo

A cultura da vinha da Ilha do Pico é classificada como Património Mundial.

A foto mostra uma área de produção com o reticulado que caracteriza a paisagem da sua cultura. A terra é preta e dura pois a sua origem é de lava vulcânica. O engenho do homem criou uma rede ou malha de muros que protegem a videira dos ventos agrestes e marítimos.

Os muros são duplos, isto é, de paredes também chamadas dobradas; se são arrumadas com duas camadas de pedra solta paralelas e o local onde a videira é plantada chamam os açorianos Curral. Assim, a zona protegida das vinhas são os Currais ou Criação Velha assim denominada pela Unesco. Esta área tem poucos hectares de produção, como também é de reduzida dimensão o Curral que leva, normalmente, três videiras, mas vimos vários com apenas uma videira, que se explica por, no meio dele, surgir rocha vulcânica. 

No antigo Convento da Ordem do Carmo acha-se instalado o Museu do Vinho. Os conhecimentos adquiridos e transmitidos de geração em geração ao longo de séculos sobre o cultivo da vinha e do próprio vinho quase desapareceu. Hoje em dia há novas tecnologias, mais equipamentos, mais produtos à disposição da agricultura e do agricultor, mais acompanhamento técnico e até este mais especializado, como os enólogos e muitíssimos outros atrativos que originam uma maior qualidade aos diferentes bens alimentares.

A madeira para o vasilhame destinado a armazenar vinho era o castanho, a acácia e o vinhático. A escassez de madeiras nobres e custos de mão de obra com introdução do inox, de mais fácil manutenção e higienização, relegaram o primeiro material para um lugar secundário. Mas, ultimamente, foram reconhecidas as inegáveis características aromáticas e gustativas que a boa madeira pode conferir ao vinho. Assim, o carvalho americano e o carvalho francês passaram a usar-se devido à situação geográfica dos Açores. O primeiro é indicado mais para o vinho branco, melhorando a qualidade, e o francês associa-se mais aos tintos e aguardentes. Admite-se ser vantajoso para os brancos fermentarem e serem conservados em madeira. Os tintos deverão apenas estagiar. Os enólogos entendem requalificar os vinhos do Pico, aproveitando o seu caracter e algumas características antigas. Forneceu-lhes consistência e homogeneidade, preparando as exigências do mercado. Deste modo, é decisivo o trabalho desenvolvido pela Cooperativa vitivinícola da Ilha e do desenvolvimento agrário do Pico, através da Sociedade vitivinícola e dos produtores privados. 

Chegadas as uvas à adega são colocadas no desengaçador – esmagador. O engaço é separado e rejeitado antes do esmagamento. A prensagem é feita para extrair o mosto do interior do bago e não extraído pelo esmagamento. São retiradas amostras para analise das características. São aplicados diferentes produtos enológicos a fim de impedir oxidação do mosto e outros para posterior clarificação. Os de Denominação de Origem Protegida – DOP-Pico devem ter grau alcoólico superior a 129. A clarificação do mosto é feita antes da fermentação alcoólica das borras e separadas do mosto limpo depois de 24 a 48 hrs. por decantação. 

A fermentação alcoólica inicia-se em vasilhas inox ou madeira de carvalho, com adição de leveduras secas ativas e coadjuvantes de fermentação. Esta decorre sem interrupção e enquanto as leveduras se mantêm ativas, produzindo geralmente vinhos secos ou interrompida por adição de aguardente vínica dando origem a vinhos mais doces.

A clarificação e estabilização de vinho é feita através de técnicas de colagem, filtração e estabilização térmica. O engarrafamento do vinho será submetido a estágio de alguns meses antes da colocação no mercado.

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