O ministro da Defesa achou que não tinha nada que dizer ao chefe (o Presidente da República, Chefe Supremo das Forças Armadas) sobre o triste caso dos militares que terão traficado diamantes e droga numa missão internacional das Nações Unidas (ONU). E nada disse pois tinha um parecer jurídico que concluía que não tinha que dizer. Chamado, na Assembleia da Republica, a exibir tais pareceres, afinal nada tinha. O parecer jurídico saiu da própria cabeça. A confusão foi do Presidente da República, que disse haver um parecer jurídico. Este confessou que havia percebido mal. O que Marcelo Rebelo de Sousa tem que engolir em nome da estabilidade e prestígio das instituições. “O ministro não é jurista, mas pensa como um jurista e decidiu. Já são dois os ministros do governo que não sendo juristas acham que sabem”, disse o também professor de direito. “Mas, estão certos na sua interpretação jurídica, apesar de não serem juristas!”, concluiu o Presidente da República. Disse-o com ironia? Com “voz de estado”. Claro. Para bom entendedor…
Estará em causa, menos a falha do ministro em não ter informado os seus superiores hierárquicos, e mais a atitude trauliteira. Se errou, assumia, pedia desculpa. Ficava bem. Seria um bom exemplo ver um político assumir que erra. Afinal, errar é humano. E mesmo que alguns políticos achem que estão acima dos comuns cidadãos, (lamentavelmente…) teremos que os lembrar que são humanos como todos nós.
Mais um triste episódio que não prestigia a política e os políticos.
Eduardo Costa, Jornalista, presidente da Associação Nacional da Imprensa Regional