Ainda há pachorra?

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Depois de ter sido escorraçado duas vezes da presidência da Câmara Municipal, BM continua convencido que os Vianenses se enganaram e perderam o autarca “melhor do mundo”. Eu até compreendo que, para continuar a viver, precise de alimentar o seu ego com essa ilusão, mas lamento ter de lhe recordar que o que aconteceu foi exatamente o contrário. O engano dos vianenses aconteceu quando o elegeram em 1989 e, depois de o conhecerem melhor e verem o que (não) fez no município, em 1993 puseram-no a andar! Primeiro, com uma derrota por meia dúzia de votos, porque também não sabiam do que eu seria capaz de fazer pela nossa terra. Mas depois, quando insistiu na candidatura de 1997, os eleitores despacharam-no com uma derrota por vários milhares de votos, num claro reconhecimento de que o meu modelo de gestão da autarquia era largamente melhor para Viana do Castelo e para os Vianenses.

Mas porque me lembrei eu de trinta anos depois, vir ocupar as páginas da “Aurora” a relembrar essa evidência e bater outra vez em quem não a quer ver? Porque BM, em vez de investir o grande amor que diz ter a Viana a fazer algo de bom pelo município e pelos vianenses, insiste em reescrever o passado, exaltando o que fez e denegrindo os sucessores, com recurso a delirantes afirmações sem o mínimo de sustentação. Eu que, felizmente, depois de sair da câmara por vontade própria, continuei a dedicar o meu tempo ao serviço da comunidade, como tinha feito antes na Liga dos Amigos do Hospital e não só (!) não tenho muito tempo para essas reflexões sobre o passado. Mas, enquanto estiver vivo e lúcido, não admito que se altere e reescreva a história que vivi, como BM fez no artigo publicado na Aurora do Lima em 28 de setembro de 2023.

Vou ser o mais sintético que me for possível. Diz BM nesse artigo que, em 1993, a administração dos terrenos desde a Ponte nova até à Praia Norte passaram da Junta Autónoma dos Portos do Norte para a Câmara. E eu pergunto, se tal tivesse realmente acontecido como diz, como se justificava que, quando eu cheguei à Autarquia o Restaurante Náutico e a Praça de Touros pagassem a concessão anual à JAPN? E até do Complexo Turístico da Marina a JAPN quisesse receber renda da Câmara? E que, para construir a Avenida de Cabo Verde e promover a construção de dezenas de armazéns empresariais, do Hotel Flor de Sal, do Bowling, da discoteca e dos restaurantes, a Câmara tivesse de celebrar um protocolo de parceria e partilhar a 50% com a JAPN as rendas cobradas às empresas pelas concessões? 

A seguir, diz BM que escreveu em tempos que um qualquer governante o tinha avisado para “a loucura de divorciar o centro histórico do rio, com uma cortina de edifícios”, esquecendo que foi no seu mandato que foi concluído o fracassado Complexo Turístico da Marina, curiosamente inaugurado com o r/c debaixo de água, por deficiente planeamento do edifício e do seu programa de utilização! Não posso deixar de referir que o planeamento e a construção dos edifícios da Praça da Liberdade que pretende criticar, são obras que tive o gosto de encomendar aos três mais galardoados arquitetos portugueses (com prestígio e obras em muitas cidades de todo o mundo!). E quanto à gestão dos terrenos e construção do parque de estacionamento e edifícios, bem como ao processo sobre a propriedade, não vou aqui estender-me na argumentação que usarei em tribunal (se for chamado) mas não posso deixar de esclarecer o seguinte:

No Programa Polis foi estabelecido que os terrenos onde houvesse intervenção passariam para o domínio municipal no final da VianaPolis (que só pôde ser concluída recentemente, com a demolição do Prédio Coutinho) e, para que não houvesse quaisquer dúvidas, tal foi reafirmado atempadamente por ofício do Secretário de Estado da Administração Marítima e Portuária em relação à frente ribeirinha e foi com esses pressupostos que concebemos o concurso público para a construção da Praça da Liberdade.

Concurso público que foi, exatamente nessas condições, submetido a visto prévio e aprovado pelo Tribunal de Contas! Se depois, o Governo de Passos Coelho alterou as condições, é evidente que a eventual culpa da dificuldade de execução do contrato cabe ao Governo e não à autarquia! Mas no mesmo texto e sem ter qualquer relação com este empreendimento, BM baralhou os fusíveis e voltou a criticar a demolição do Prédio Coutinho, trazendo à tona mais um seu “ato falhado”, uma vez que ele em 1990 também tentou demolir o mostrengo, mas não teve arte nem engenho para levar avante o seu propósito. Afinal, eu só fiz, o que ele queria fazer e não conseguiu. Devia agradecer-me!

E sem a mínima vergonha, BM termina o seu infeliz e maldoso artigo insinuando que é a minha má governação a causa do empobrecimento dos Vianenses, tentando apagar que no final do seu mandato o poder de compra em Viana do Castelo era de 73% da média nacional e quando eu deixei a autarquia era de 93% o poder de compra dos nossos concidadãos. Juro que, por educação paterna nunca gostei de bater em adversários derrubados e, por formação profissional, tenho muita pachorra com os meus interlocutores, mas tenho de confessar que nunca aprendi a dar a outra face quando me batem, nem tenho grande apetência para levar desaforo para casa, porque durmo mal!  E eu continuo a dormir bem, cansado (porque trabalho) e com a consciência tranquila!

Defensor Moura

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