Alavancagem Cultural

Ricardo Simões
Ricardo Simões

A cidade de Viana do Castelo acaba de ser designada Cidade Europeia do Desporto para o ano de 2023. Durante o próximo ano, a cidade e concelho conhecerão um incremento de realizações desportivas que irão beneficiar todas as pessoas direta e indiretamente envolvidas. Por isso, e até pelo sucesso, convém notar como os resultados de qualquer empreendimento derivam do trabalho de preparação realizado. No caso de Viana do Castelo Cidade Europeia do Desporto 2023, a candidatura vianense foi assumida em 7 de outubro de 2019, ou seja, foram necessários mais de dois anos de trabalho concertado entre o município e os agentes desportivos do território para se alcançar o objetivo comum. Para além disso, o bom porto alcançado deve-se também, seguramente, ao trabalho de décadas que os diferentes agentes locais desenvolvem. E o aproveitamento eficiente das atividades de cada clube, assim como a potenciação em termos do seu âmbito e escala de atuação foi, certamente, também, um elemento para o sucesso. Por isso, quando Viana do Castelo está no processo de candidatura a Capital Europeia da Cultura 2027, importa manter presente a ideia de processo e prosseguir a valorização dos agentes culturais do território, com critérios de eficiência. Tal como acontece com os agentes desportivos locais, o tecido cultural vianense é composto por uma variedade muito rica de artistas e instituições. E, também como no desporto, uns e umas assentam na prática amadora artística, enquanto outros e outras são artistas profissionais. Um leque restrito é, até, de “alta competição”. E, hoje, estas e estes profissionais não apenas são especialistas nas suas áreas, com formação superior artística obtida em Portugal e no estrangeiro, como vivem inteiramente da sua atividade. E querem trabalhar e viver em Viana do Castelo. Por isso, e na perspetiva da afirmação de uma centralidade cultural, é fundamental fixá-los/as cá. Por outro lado, e não fugindo à sensibilidade do tema, ser profissional de desporto (ou das artes) não é melhor nem pior do que ser amador/a. Mas é diferente. É, de facto, diferente “dar umas corridas” quando se quer e se pode, do que ter que treinar todos os dias e viver disso. O tecido artístico amador de Viana do Castelo também precisará de qualificação. Mas a sua matriz está fixada há muito mais tempo que a do setor profissional. Por isso, se queremos ser Capital Europeia da Cultura 2027, é indispensável posicionar a condição sócio-profissional das artes no centro do debate local sobre Cultura, pois essa é a dimensão que poderá alavancar as demais.

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