Algumas notas curiosas do artista pintor A. Alcino

Aníbal Alcino
Aníbal Alcino

Na altura em que o Mestre Barata Feyo era professor de Escultura na Escola Superior de Belas Artes do Porto, eu, já então formado, fui lá visitá-lo, a fim de lhe agradecer a compra que ele me fez de um quadro a óleo, intitulado a “Ribeira do Porto”, que apanhava um pouco a ponte de ferro, concebida pelo célebre Eng.º Eiffel (francês).

Naquele dia, o Mestre Barata Feyo estava em cima de uma escada a esculpir, em barro, a famosa estátua de Almeida Garrett, célebre escritor portuense. Esse enorme trabalho, ou escultura, foi passado a bronze e colocado no cimo do Jardim dos Aliados, no Porto, mesmo em frente da Câmara Municipal da referida cidade.

Passados alguns tempos, o Mestre Barata Feyo foi nomeado Diretor do Museu Nacional Soares dos Reis. E, nessa época, estava a expor os meus quadros na Livraria Portugália na Rua 31 de Janeiro. Ele foi lá visitá-la e comprou-me um trabalho a óleo (pequenino) que representava a rua dos Clérigos. Felicitou-me e acrescentou que era para figurar no Museu Soares dos Reis.

Ao visitar algumas vezes esse Museu para contemplar, sobretudo, o “Desterrado” – uma obra prima – e as pinturas de Henrique Pousão, que me seduziam bastante –, estranhei nunca ter visto nas paredes do Museu o meu “quadrinho” da Rua dos Clérigos. Longos anos tinham decorrido.

Resolvi escrever, então, à sua atual diretora (que era uma mulher), a perguntar-lhe o que era feito do meu trabalho. Resposta por escrito: “O Senhor Escultor Barata Feyo não tinha formação específica para ser diretor de um “Museu”!”.

Nada mais! – por outras palavras, ela queria dizer-me que o meu modesto quadro a óleo não tinha mérito ou qualidade para figurar nas suas paredes…

Enfim! Engoli em seco e pensei: “São coisas da vida!”.
Modéstia à parte, nessa minha exposição, realizada na Livraria Portugália, consegui que o genial declamador João Villaret, e ainda Manuel Sereno, declamassem poemas de Fernando Pessoa e José Régio. O salão estava cheio e eu vendi quase tudo.

Já agora, vou-lhes dizer em que museus estou representado: Museu do Ouro Preto, Brasil; Museu de Angola; Museu Municipal, ou Regional, de Viana do Castelo; Museu de Amarante, ou Sousa Cardoso; Museu de Évora; Casa-Museu Mário Soares (ex-presidente da República), etc.

Estou ainda representado com vários trabalhos na casa do Dr. Agostinho de Sousa; na Câmara Municipal de Viana do Castelo, com quadros adquiridos pelo Sr. Cunha, da Avic; pelo Dr. Morais e pelo Dr. Defensor Moura. Todos eles têm trabalhos da minha autoria nas suas habitações. Assim como o Dr. Cambão, advogado; o Dr. Costa, advogado; o Dr. Oliveira e Silva, advogado (falecido); o sr. Carita da Silva (alentejano, falecido), em Valença do Minho.

Dos melhores trabalhos saliento: “O enterro de Cristo”, e de mais de uma dúzia, pertencentes ao Dr. Agostinho de Sousa (de temática alentejana), onde dois deles obtiveram os primeiros prémios de pintura (Prémio António Carneiro), em exposições coletivas de pintura na cidade do Porto.

Os meus trabalhos foram ainda adquiridos pelo Dr. Rio Pinto Costa, advogado. Estão também na coleção particular do Dr. Garrido de Viana do Alentejo; na do Dr. Arquimínio (veterinário); senhor fadista, proprietário (ambos falecidos) Viana do Alentejo; Câmara Municipal de Viana do Alentejo.

Dez trabalhos (que não sei onde param), que pertenciam ao LUZIAMAR; Arquitetos Cassiano Barbosa, Viana do Lima, Januário Godinho, Andressen, Losa. E ainda dois retratos, um da esposa do escritor Vergílio Ferreira (falecido), e outro do Dr. Agostinho de Sousa, que nunca foi exposto, mas considero do melhor que realizei em toda a minha vida.

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