Viana do Castelo não faz parte da lista das cidades mais coloridas do mundo, mas devia! E o que lhe dá mais cor é a Festa da Sra. d’Agonia.
Ao azul do céu e do mar, ao verde das veigas, dos pauis e dos montes, ao cinza dos granitos ancestrais e à magia especial da luz que a envolve, nos meses de Verão, juntam-se-lhe o vermelho papoila, o azul-noite, o verde musgo, o amarelo canário, o laranja, o pinhão, o turquesa, a cor do rosmaninho ou da urze, o rosa, o dourado do ouro, o castanho do trabalho, o branco dos linhos, o bege das branquetas, o negro do luxo e o brilho das missangas, dos vidrilhos e lantejoulas, ou seja, as cores intensas dos Trajes à Vianesa, que milhares de mulheres luzem para honrar as suas antecessoras.
Viana do Castelo não faz parte da lista das cidades mais alegres do mundo, mas devia! E o que lhe dá mais alegria são os gigantones e cabeçudos, os zés pereiras, e os grupos folclóricos e bandas de música que aparecem briosos e engalanados tocando, cantando e dançando, cada vez mais e melhor, para corresponder ao entusiasmo daqueles que os acompanham nos desfiles, nas arruadas, nos coretos, nos pequenos arraiais e nos palcos dispersos pela cidade durante a Romaria da Sra. d’Agonia.
Quem já visitou Viana do Castelo, nestes dias, sabe que toda esta profusão de cores e de sons nos é oferecida e se passeia e dança à nossa volta, envolvendo-nos e enchendo-nos também de cor, luz e alegria.
Mas para isso acontecer, com toda a certeza, Viana do Castelo faz parte da lista das cidades onde mais pessoas se empenharam, e continuam a empenhar, em preservar e transmitir às novas gerações as singularidades desta festa, tornando-a única aos olhos do mundo.
Por isso, será sempre importante lembrar e enaltecer os que ensinam a bordar, a tecer, a costurar, a fazer meias rendadas e chinelas e a construir instrumentos tradicionais; os que ensinam as primeiras notas musicais, mas também a tocar, a dançar, a cantar e a trajar; os que ensinam a engalanar as embarcações da procissão ao mar, a construir os carros alegóricos e a decorar as ruas com os tapetes floridos; ou os que ensinam a fazer gigantones e cabeçudos e os arcos floridos anunciadores da festa, mantendo vivas as cores e as sonoridades que fortalecem a nossa identidade cultural.
Tenho esperança que a atual situação pandémica não os façamorecer e, como milhares de pessoas, aguardo o dia em que, juntos, possamosoltar a viver plenamente a Romaria das Romarias.
Mafalda Silva Rego