As Forças Armadas que temos e necessitamos

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Terminada a guerra colonial, praticamente não houve debate sobre a manutenção das Forças Armadas na nação. Para boa parte da população – ainda sob os efeitos do conflito a que se tinha posto fim – já não eram necessários militares, dando-se prioridade, particularmente, ao desenvolvimento do país e ao combate à pobreza. Para os pacifistas, então, importante era acabar com a tropa, porque o futuro era a paz.

Seria ótimo que o mundo não precisasse de armamento, nem quem o manuseasse. Tal significaria que viveríamos na paz dos anjos. Contudo, estamos bem longe dessa ilusão. Apesar da permanente valorização intelectual das pessoas, quando se dá por findo um conflito no universo, logo poderão ocorrer dois ou três. Perante esta realidade, só temos que concluir que devemos dispor de um razoável efetivo de profissionais, devidamente habilitado e equipado, no Exército, Marinha e Força Aérea. 

Ninguém sabe ao certo qual é o efetivo de militares de que dispomos, já que os diversos departamentos do Estado – à boa maneira portuguesa – não se entendem nesta contabilidade. Mas vamos considerar, como válida a informação do Ministério da Defesa, ao afirmar como real o número de 27. 741 elementos, em 31 de dezembro de 2021. De lá para cá, no entanto, provavelmente, cerca de dois mil homens encontraram melhor modo de vida e saíram. Contas feitas, devemos ter mais ou menos 25.000 servidores da pátria para cuidar da nossa defesa.

No livro “Grande Guerra e Guerra Colonial – custos para os cofres portugueses”, diz-se que, em abril de 1974, as tropas presentes nos três teatros de operações haviam atingido efetivos superiores a 150 mil homens, com um custo de 3% do nosso Produto Interno Bruto (PIB)”. Hoje, segundo o relatório anual do secretário-geral da NATO, Portugal dedicou à defesa 1,38% do PIB em 2022, bem longe do objetivo dos 2% delineados pela própria NATO.

Para 2024, segundo a ministra da Defesa, o orçamento para a sua área será de 2.850,1 milhões de euros, com um aumento de 13,7% face aos valores previstos. Conclusão, estamos longe de um satisfatório entendimento sobre as Forças Armadas que queremos e da dotação que lhes deve ser atribuída. Contudo, é evidente que delas necessitamos, e devidamente preparadas para a defesa do país, com enquadramento num plano mais vasto de proteção dos valores que perfilhamos, particularmente a democracia e a liberdade. Também por isso, saúda-se a presença do Exército em Viana do Castelo, para as comemorações do seu dia, entre 24 e 29 deste mês. 

                    GFM

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