Às três é de vez!

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Defensor Moura

Com a desconstrução já a decorrer, conclui-se finalmente uma longa luta dos vianenses pela correcção do perfil do centro histórico de Viana do Castelo, fazendo desaparecer a intrusão visual provocada pelo Prédio Coutinho.

Apesar de em 1975 a Comissão Administrativa da Câmara Municipal não ter conseguido os meios financeiros para o demolir e de em 1990 também ter fracassado o propósito do então presidente da autarquia Branco Morais de lhe reduzir alguns pisos, a maioria dos vianenses nunca deixou de almejar por uma solução para erradicar aquela sombria presença no tecido urbano da nossa cidade.

No dealbar do terceiro milénio e no âmbito do plano de requalificação urbana e ambiental, que estávamos a concretizar desde o meu primeiro mandato, preparamos a candidatura a um inovador programa governamental de valorização das cidades, em cuja apresentação surgiu a desejada oportunidade.

Embora a demolição do prédio não estivesse incluída na nossa candidatura ao Programa Cidades (depois designado Polis), quando me apercebi do entusiasmo do Júri, não perdi a oportunidade de tirar da minha pasta e pôr em cima da mesa uma fotografia da frente ribeirinha de Viana do Castelo, onde se destacava o proeminente edifício.

Mesmo antes de eu dizer qualquer palavra, o próprio Júri decidiu unanimemente incluir a demolição do Prédio Coutinho no Programa Polis!

Essa reunião ocorreu em 12 de janeiro de 2000 e depois o Plano foi aprovado pela Câmara e pela Assembleia Municipal e confirmado pela maioria absoluta dos eleitores vianenses em seis sucessivas eleições autárquicas. 

Desde então, seis primeiros-ministros, nove ministros das Finanças e dez ministros do Ambiente do PS, PSD e CDS subscreveram os despachos de renovação anual do mandato da VianaPolis para proceder à demolição e dezenas de decisões judiciais reforçaram a sua legitimidade democrática com a legitimação nos tribunais.

Esperamos 22 anos para ver a concretização da terceira proposta de demolição!

Até não foi muito tempo … se nos lembrarmos que vivemos num país onde se “pensa” há mais de sessenta anos em construir um novo aeroporto e há mais de trinta se promete ligar Porto e Lisboa por comboios de alta velocidade!

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