O primeiro número do “A Aurora do Lima” aconteceu a 15 de dezembro de 1855, tendo como principal fundador José Barbosa e Silva, que desde o mês de setembro tinha em seu poder o primeiro folhetim que Camilo Castelo Branco lhe enviara para publicação neste auspicioso jornal. No seu escrito, Camilo incitava Viana a bater-se pelo progresso, convidando-a a olhar para o seu passado de glória, mas não adormecendo envolta na sua beleza.
“A’ vida, pois, Vianna, deixa o teu somno de mollesa e inercia; accorda ó flôr do Lima, e abre as tuas formosas pétalas ao benéfico focio da sargente Aurora”. Eis uma passagem do grito de Camilo dirigido aos vianenses para que se fizessem à vida. Não comentaremos agora o desempenho de Viana na luta pelo seu progresso, mas o “A Aurora do Lima”, ao longo dos seus 166 anos que acabou de completar, sentiu bem o incitamento de um dos nossos maiores escritores para nunca se eximir de pugnar por uma Viana bela, mas mais próspera, e por um Alto Minho a emparceirar com as restantes regiões do país. Esteve longe de o conseguir, mas esse esforço não lhe pode ser negado, até porque soube manter-se de pé por todo este tempo que caminha apressadamente para o segundo século de vida. Por isso, à medida que somamos anos de idade, somos mais solicitados a honrar o nosso passado. Neste 15 de dezembro de 2021, reafirmamos o respeito pelo compromisso assumido na nossa primeira edição: firmeza e independência na defesa dos interesses do nosso espaço regional. Desta responsabilidade jamais se desobrigará esta velha Aurora.
Tivemos a nossa data festiva, mas bem mais sentida é a quadra natalícia que estamos a viver. Como se diz na capa deste número especial, Natal é paz e amor. São palavras que definem o mundo que todos desejamos. Por isso aspiramos – e de certeza que todos aspirarão – a que haja um pouco desta data todos os dias. Quando olhamos para o mundo e deparamos com tanta falta de liberdade, desumanidade, injustiça e pobreza, só poderemos desejar que o espírito de Natal seja, regularmente, o bálsamo amenizador de tão profundos males. Contudo, convictos de que a exigência, a par da responsabilidade, deve fazer permanentemente parte da nossa forma de estar.
A nossa capa é da responsabilidade de Rego Meira, um artista vianense multifacetado que dispensa apresentações. Tal como outros, tem connosco uma colaboração regular, a merecer a nossa pronta gratidão. Os agradecimentos são extensivos a todos os que habitualmente aqui publicitam, como é patente em mais esta edição alusiva à quadra natalícia, bem como àqueles que nos ajudam, consequentemente, a resistir e a manter bem de pé a bandeira de mais antigo jornal de Portugal Continental. Boas Festas para todos.