Breve História da primeira vacina: Edward Jenner (1749-1823), o Génio

Rui Maia
Rui Maia

Há atualmente muito ceticismo face à nova vacina destinada ao combate do novo coronavírus, sendo que muitos disseminam a desinformação, grosso modo, pelas redes sociais. Uns, por questões ideológicas e, outros, em muitos casos, por pura ignorância.

A esse respeito, uma vez que anseio tomar essa vacina, a fim de mitigar as consequências nefastas da doença, decidi tecer uma “breve História” acerca da origem das vacinas, sua génese. Até ao termo do século XVIII não existia um método eficaz capaz de prevenir as doenças infetocontagiosas. A primeira vacina foi elaborada pelo médico britânico Edward Jenner, em 1796. Naquela época, a varíola era um flagelo que grassava em muitos países do mundo, tornando-se num problema de saúde pública. A doença havia dizimado imensas populações em diversos continentes. Acredita-se, através de alguns indicadores, que o Império Romano, a China antiga e, mesmo, o continente Americano, antes da chegada de Colombo, tinham padecido dessa desgraça. A Europa conheceu vários surtos da doença, que colaboraram numa forte queda demográfica. No século XVIII foi difundida na Europa uma prática que se designou de “variolação”.

A mesma consistia em inocular com pus das pústulas (pequenos tumores inflamatórios) de portadores de varíola indivíduos saudáveis, com a finalidade de os proteger da doença. Este método causava menor mortalidade, face ao contágio pelas vias quotidianas. Originando uma eficaz imunidade contra as epidemias de varíola. Ao terminar o século XVIII, após inúmeras observações, o médico inglês Edward Jenner verificou que no decorrer de surtos de varíola havia um estrato da população que, sistematicamente, não adoecia. Tratando-se de indivíduos que faziam a ordenha a vacas e, que os mesmos, tinham contraído uma outra espécie de varíola menos gravosa para a saúde humana: a varíola das vacas, ou, em inglês: cowpox. Essa constatação fez o médico Edward Jenner supor que esse facto contribuía para que esses indivíduos fossem imunes ao vírus da varíola que dizimava os humanos. O magnânimo Doutor decidiu contaminar alguns indivíduos com a varíola das vacas, a fim de apurar a veracidade daquilo que supunha. A primeira experiência foi realizada numa criança de oito anos (James Phipps), em 14 de maio de 1796. Após essa experiência realizou outras em distintos indivíduos, alcançando êxito. A partir daquele glorioso momento estava lançada a primeira vacina do mundo. A Europa conheceu grandes benefícios advindos dessa descoberta, o que lhe permitiu um aumento demográfico, com a vacinação antivariólica. No início de Oitocentos deram-se fortes campanhas de vacinação e fundaram-se instituições para o efeito. O termo “vacina” advém de – vaccinae – ou seja, proveniente da vaca.

Atualmente, vivemos uma realidade epidemiológica que já dizimou milhares de seres humanos pelo mundo, urgindo clarificar o papel preventivo das vacinas. E, como tem sido reiterado por muitos especialistas (médicos e cientistas), não há medicamentos inócuos, que não tenham os seus potenciais efeitos secundários. Até mesmo o simples paracetamol. Dito isto, tomem a vacina, assim que chegue a vossa vez e, de forma humilde, agradeçam à Ciência que segue muitos caminhos da filantropia, aos profissionais de saúde, que vos acautelam a vida, e prestem um momento de silêncio por todos aqueles e aquelas que perderam a vida nesse combate. A vacina não é o Santo Graal da cura, é um imensurável contributo na luta contra a pandemia. As nossas condutas determinarão o nosso futuro e o dos outros. Olhem e respeitem o próximo, se assim desejarem o mesmo para vós e para os vossos. Votos de um sereno 2021, com muita saúde e alegria!

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