O Homem não diminui nem cresce, após a morte… Mede e pesa tão somente aferido pelos peso e medida da sua vivência por cá…
As opiniões dos outros a seu respeito é que podem divergir, na tentativa de aumentar ou diminuir a sua estatura real, autêntica, verdadeira, objetiva, que ninguém (nem o próprio) conheceu perfeitamente, excepto Deus para quem é crente…
Podem os comentadores recorrer a lentes-coloridas, ou microscópios sofisticados, para tentarem retratar com perfeição e a seu gosto aquele ou aquela que já cortaram a meta-final da vida… Pecarão sempre, por excesso ou defeito, naquilo que disserem ou sugerirem acerca do retratado que pretendam expor ao público… As características reais, pessoais, individuais e únicas de quem “partiu”, na sua grandeza ou pequenez, foram as que foram e não aquelas que, afetiva ou convenientemente, desejam impor os pseudo-retratistas…
Assim, não repugna que a mesma pessoa real possa aparecer como “Hércules”, para uns e humildes “pigmeus” ou anões, para outros tantos…
Vistas as coisas por este prisma, muito haveria pois a dizer sobre “funerais-simples” ou “funerais-pomposos”, “camas-rasas” ou “mausoléus”, “cemitérios-comuns” ou “Panteões”…
“Cobiça vã dessa vaidade chamada fama”, como lamentou Camões…!? Talvez!… Mesmo sem talvez, na minha pobre opinião…!
Nem o “grande” verdadeiro diminui numa campa-rasa, nem o “pequeno” aumenta, um côvado que seja, à sua pequenez real, mesmo que “embrulhado” luxuosamente num marmóreo-mausoléu ou até num imortalizante panteão…
Posto isto, poder-se-ia perguntar: o porquê tanta celeuma acerca de inumações, exumações, transladações, de quem adormeceu, há muito ou pouco tempo, no seu derradeiro sono e que bem merece repousar na paz eterna, por vontade própria ou dos sofredores doridos que ficaram!?
A nossa Imprensa, falada e escrita , tem badalado tanto a propósito de “Zeca Afonso” e de “General Francisco Franco”… Para aquele pedem exumação e trasladação para o Panteão nacional ! Dizem tratar-se de uma promoção bem merecida… Para o outro pedem uma despromoção, “expulsando-o” do necrotério do “Vale dos Caídos”, criação do próprio Caudilho…! Pretende-se “entronizar” um e “destronizar” outro…!
Quanto a mim, deixem-nos em paz e sossego! Se foram “gigantes” ou “anões” em vida (há opiniões diametralmente opostas…), já não são mais atores no “palco” da Humanidade e os seus méritos ou deméritos reais são intocáveis, quer a quem os nega quer a quem os apregoa…
Amores-falazes ou ódios-vingativos nada conseguirão a favor ou contra obras que praticaram ou omissões que lhes são atribuídas…
O Tempo encarregar-se-á de lhes reconhecer a verdadeira estatura, situando-a nas circunstâncias-concretas que os envolveram…
Se merecem a nossa saudosa admiração, gratidão e louvor, esforcemo-nos por melhor os conhecer nos seus exemplos, imitando-os, quanto possível!
Se não foram tão maus assim, porquê tanto ódio – “cadela raivosa que só morde no dono que a alimenta”…!?
Deixemos em paz quem já partiu e que nem os “inocentes” atirem pedras a telhados inatingíveis…! “Campa rasa” ou “panteão” nunca lograrão alterar a verdadeira identidade dos que dormem o “sono-dos-Idos”…!
