Capela de Santa Catarina

Rui Maia
Rui Maia

O Mar representa desde tempos imemoriais uma parte substancial do sustento do Homem, que ao longo dos séculos ou milénios dele se serviu para extrair as suas riquezas naturais, como as variadas espécies de peixes, moluscos, crustáceos e outros, fosse para seu próprio consumo, fosse com fins comerciais. Viana do Castelo, terra de gentes do Mar, que muitas vezes nele pereceram, foi erguendo os seus locais de culto, aos quais acorria e acorre em tempos de grande aflição. A Capela de Santa Catarina, que antes se localizava no Castelo da Barra, foi dali retirada e reerguida no atual local, a escassos metros da Doca de Pesca, por ordem do então monarca, Filipe III de Espanha e II de Portugal, que tinha por cognome “o piedoso”. Símbolos dessa piedade, encontram-se no interior da Capela, onde se vislumbram quadros com embarcações, evocando, por exemplo, Judite Gonçalves Cachina e Rufino Gonçalves Cachina (Mestre do Vianense), filhos de Francisco Gonçalves Cachina (então Piloto da Barra de Viana do Castelo). 

A Capela parece pequena vista do exterior, porém, a sua riqueza arquitetónica é soberba. O altar-mor é sobremaneira requintado e belo, conferindo à Capela uma forte atmosfera metafísica, criada pela comunhão de todos os símbolos religiosos que ostenta, bem como um forte pendor retrospetivo, que nos faz recuar no tempo, lembrando o Homem de ontem e o de hoje, à mercê do Mar e nas mãos de Deus – o eterno Mestre.

A Capela, de acordo com inscrições internas, foi reedificada em 1859; em junho de 1993 foi alvo de restauros.

No dia 25 de novembro celebra-se Santa Catarina, a mártir e Santa cristã que nasceu em Alexandria no Egito em 287. Catarina, então com 18 anos de idade, teve uma visão que a converteu ao cristianismo, levando-a a combater a perseguição que o Imperador Romano Maximiano tinha imposto aos cristãos. 

A jovem Catarina era uma mulher inteligente e invulgar, dotada de um poder de persuasão fora do comum, motivado pela sua educação exemplar e sólida. Essas qualidades agremiadas à sua fé levaram-na a converter a mulher do Imperador ao cristianismo, bem como a muitos pagãos que inicialmente a contestaram por ordem de Maximiano. O seu caminho pela fé acabaria por levá-la à morte, indo parar à “roda” onde foi sacrificada. Tratava-se de um instrumento de tortura composto por quatro rodas, repletas de pontas e de serras. Todavia, ao fazer o Sinal da Cruz a “roda” partiu-se, pelo que o Imperador mandou decapitar Catarina fora da cidade, mas outro milagre aconteceu; o seu corpo foi levado por Anjos para o Monte Sinai. Santa Catarina integra os catorze Santos considerados “auxiliadores”, não admira, portanto, que a Capela de Santa Catarina de Viana do Castelo se localize junto à Doca de Pesca, onde a sua evocação foi e será sempre muito forte.

Santa Catarina é considerada padroeira dos estudantes, filósofos e professores, o seu culto espalhou-se por todo o mundo. A Universidade de Paris, por exemplo, escolheu-a como padroeira, no Brasil é considerada padroeira do Estado de Santa Catarina.

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