Central Hidroelétrica do Lindoso

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Rui Maia

O primeiro quartel do século XX marcou de forma indelével a história da eletricidade em Portugal. Tratou-se de um período em que os cursos dos rios ofereciam um mar de oportunidades, sobretudo pelo potencial que a água em movimento representava. A empresa pioneira nesta matéria foi a espanhola – Electra del Lima – sendo constituída precisamente para explorar o tramo do rio Lima em Lindoso (Ponte da Barca) conhecido por “Quedas do Lindoso”, por Alvará outorgado pelo Rei D. Carlos I datado de 14 de fevereiro de 1907. No arranque da construção do aproveitamento a empresa concessionária deparou-se com inúmeras dificuldades técnicas e económicas, às quais anos mais tarde se agremiaram outras, como as provocadas pelo eclodir da I Grande Guerra Mundial – dificuldades essas apenas suplantadas depois do ano de 1916, quando o insigne engenheiro D. Juán de Urrutia y Zulueta assumiu os destinos da empresa.

A Central Hidroelétrica do Lindoso localiza-se no concelho de Ponte da Barca, na freguesia de Britelo, no Lugar de Paradamonte. Abandonada desde o dia 4 de dezembro de 2012, em que deixou definitivamente de produzir eletricidade, a Central Hidroelétrica do Lindoso foi o primeiro grande aproveitamento hidroelétrico de Portugal.

Em abril de 1922 entrou em ação o primeiro grupo gerador – Escher Wyss e General Electric – com 8750 kVA, o segundo, de igual potência, entrou em funcionamento em maio de 1923. Na mesma época entrava em funcionamento a linha Lindoso – Porto, atribuída em concessão à “S.A. Electra del Lima”, abastecendo de eletricidade a cidade do Porto e áreas limítrofes. A vitalidade da empresa manifestou-se nos diversos melhoramentos e ampliações de que foi alvo, contribuindo de forma cabal para o desenvolvimento industrial da região Norte de Portugal.

No decorrer dos anos 30, 40 e 50 tornou-se premente o reforço do painel mecânico da Central para incrementar a produção. Assim, e para o efeito, foram adquiridos grupos verticais – Voith-Siemens e Escher Wyss-Brown Boveri. Em 1952 contava com uma potência instalada de 92500 kVA, derivando um caudal máximo de 32 metros cúbicos por segundo, com uma produção média anual a rondar os 270 milhões de quilowatts-hora. Primitivamente era um aproveitamento em fio de água que, todavia, a partir de 1948 passou a contar com a regulação proporcionada pelo aproveitamento de Las Conchas, em Espanha. A água a montante chegava aos grupos produtores (às turbinas) através de um complexo sistema de canais e condutas, provocando enorme carga a jusante, fazendo-as girar e, consequentemente, aos seus enormes dínamos que geravam a energia elétrica.

A Central Hidroelétrica do Lindoso é um edifício formoso, bem integrado, numa paisagem per si soberba e exuberante. A escassos metros a jusante da Central encontra-se uma pequena ponte de alvenaria aparelhada, muitíssimo elegante, datada de 1951, de onde se vislumbra uma panorâmica completa de todo o ecossistema produtor.

A condição sine qua non é valorizar esse magnífico exemplar do nosso Património Industrial, para que visitantes e turistas possam fruir desse legado com tantas faculdades pedagógicas por perscrutar.

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