É Inverno? É hora do crepúsculo…
E tu, Marisa, não estás comigo! Como posso ver sozinha a festa do poente?
O silêncio da tua ausência, acossa minhas horas perseguidas, tão dilacerantes, tão sentidas, tão sofridas! Marisa doce, tão única, tão linda, tão minha!
No meu céu, ao crepúsculo, tu és a nuvem lá no alto, qual adejar de lenço branco num último adeus!
Nesta hora íntima e soturna, meu coração fecha-se qual flor noturna!
Dentro de mim o vazio cresce, como o poente comendo a terra!
Estou longe de tudo!
Esquecida do sabor das coisas amadas!
Como se isto fosse ainda vida…
Como se a realidade, sem ti, Marisa, não fossem só cristais despedaçados!
Refletindo só sombras …
Vida só de gestos emprestados!
Os poentes mais belos, levou-os a poalha d’oiro de teus cabelos…
Leva-me para longe, amor,
Depressa, enquanto, é possível, ir para longe de mim!
Deixar esta barca abandonada,
Tão fria, tão vazia, tão deserta,
Como um cais na madrugada!
Com saudade, de tua mãe…