Dádiva benévola de sangue

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Defensor Moura

Quando a Liga dos Amigos do Hospital de Viana do Castelo foi criada, em 1981, havia em cada ano apenas 80 dádivas benévolas de sangue no Hospital e os nossos doentes e acidentados, que necessitavam de transfusões urgentes, tinham de ser transferidos para o Porto, morrendo muitos deles pelo caminho. Assumindo como uma das suas prioridades a promoção da dádiva de sangue, os dirigentes da Liga desenvolveram sucessivas campanhas de promoção da dádiva e de angariação de novos dadores de sangue em todo o distrito. Durante anos e anos sucessivos fiz apelos nas missas dominicais em Arcos de Valdevez, Caminha, Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Ponte da Barca, Ponte de Lima, Valença, V.N. de Cerveira e nas igrejas de diversas freguesias do concelho de Viana do Castelo, além de palestas nas escolas, associações recreativas e Bombeiros Voluntários, constituindo Núcleos de Dadores de Sangue em todos os concelhos para colaborarem na mobilização dos novos dadores.

Nesse trabalho persistente, tive ampla colaboração de outros dirigentes da Liga dos Amigos, nomeadamente o dr. Luís Belo e o centenário dador Artur Cardoso, aumentando progressivamente o número de dadores em todos os concelhos do distrito que, todos os sábados rotativamente, íamos buscar nos nossos próprios carros para os trazermos ao hospital e depois os levarmos de volta aos seus domicílios. Continuando sempre com a campanha de apelos e palestras, este pouco eficaz e trabalhoso “serviço” de transporte de dadores pelo distrito só terminou cinco anos depois, quando a Liga ofereceu uma carrinha Renault ao Hospital, tornando possível a deslocação das equipas técnicas do Serviço de Sangue para fazerem as colheitas nos próprios concelhos dos dadores de sangue, em Brigadas que a Equipa do Serviço de Sangue do Hospital continua a fazer semanalmente, deslocando-se agora numa nova carrinha que a Liga dos Amigos ofereceu em 2020.

Este laborioso trabalho dos dirigentes da Liga e das equipas hospitalares foi tão frutuoso que, precisamente 10 anos depois de ter começado, o Hospital de Viana do Castelo ultrapassava as 2 mil dádivas por ano e era o primeiro hospital de todo o país autossuficiente em sangue, isto é, em 1992 o nosso Hospital colhia no Serviço de Sangue e nas Brigadas sangue suficiente para tratar todos os nossos doentes e acidentados que necessitavam de transfusões de sangue.  Apesar de ter havido um substancial aumento dos serviços prestados pelos serviços hospitalares, triplicando as necessidades de sangue, o Hospital de Viana do Castelo continua autossuficiente, colhendo atualmente cerca de 6 mil unidades de sangue por ano, no Serviço de Sangue e nas Brigadas que realiza regularmente e segundo um calendário anual nos outros nove concelhos do distrito. 

Entretanto a Liga dos Amigos do Hospital foi adaptando as suas campanhas de promoção da dádiva e de angariação de dadores aos novos tempos, com intensiva utilização das redes sociais e das imagens dos dadores mais conhecidas na comunidade, no desporto, no teatro e no associativismo, como Promotores da Dádiva de Sangue presentes nas dádivas coletivas no Serviço de Sangue. E continuando a inovação, a Liga dos Amigos do Hospital criou um grupo de teatro que, no próximo domingo, dia 15 de Outubro de 2023, vai levar à cena no Teatro Sá de Miranda, um espetáculo de promoção interativa da dádiva de sangue, interpretado com o maior entusiasmo por 18 Voluntária(o)s e Dadora(e)s de Sangue, numa peça que escrevi e encenei para inovar e envolver mais protagonistas nas campanhas de angariação de novos e mais jovens dadores e que a Federação Portuguesa de Dadores Benévolos de Sangue se propõe repetir noutras associações de dadores do país.

Registo e agradeço a assessoria técnica da Elisabete Pinto e do Porfírio Barbosa e o apoio da Câmara Municipal, nomeadamente do pessoal das oficinas e do Teatro Sá de Miranda, da Paróquia de Monserrate e da Blisq.

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