O Solstício leva a túnica do S. João, deixando a cidade nua, mas todos calam, pelo decoro ou pela própria nudez. Ninguém vai a lado algum e todos vão a todo o lado. É o fogo domesticado que queima incansavelmente sardinhas com o suor a transpirar em cada esquina; é o fogo selvagem que salta em cada rua; é a música redonda que convida os corpos a outra volta; é a martelada desfeita em riso, na vez do alho a passar no nariz; é o orvalho que nasce do chão agasalhando em mistério a cidade até amanhecer o próximo Solstício.
Pedro Pereira