Este é um tema muito sério.
Tem influências futuras na gestão e organização do território, acesso a financiamentos, verbas e fundos, ou seja, acesso ao desenvolvimento e ao futuro. Como tal, é um assunto que deve ser debatido e decidido com a Razão e não com o Coração. Deve ser decidido com pragmatismo prático e objetivo, e não com saudosismo romântico e romanceado.
Os Territórios, hoje cada vez mais, são parcelas de um todo nacional, com particularidades e singularidades, mas principalmente com o objetivo de criar um Todo dinâmico, interligado e interdependente, onde o princípio da “união faz a força” se torna cada vez mais necessário. Assim, uma postura de quase “Velhos do Restelo”, saudosista e romântica, só favorece quem manda, ou seja, a Câmara Municipal ou o Governo, pois consegue usufruir do melhor do método: “dividir para reinar”.
Não restam dúvidas de que juntos seremos sempre mais fortes, ou alguém tem dúvidas disso? Alguém acha que a Meadela sozinha tem mais força e influência junto dos poderes local e central do que estando em União de Freguesias? Se, em União, existem queixas por falta de visibilidade, falta de acesso a serviços e fundos/verbas, alguém acha que a Meadela sozinha verá todas as suas necessidades e desejos resolvidos?
Nesta União de Freguesias de Viana do Castelo, na prática, para a maioria dos Fregueses, uma vez que houve o cuidado de manter os 3 Polos em funcionamento, tudo continuou a funcionar como antes, ou seja, Bem.
A cidade de Viana do Castelo, uma União de três freguesias com uma área de 12 Km2, uma pequena cidade, foi diferenciando as suas áreas/zonas, tem um Centro Histórico, zonas mais comerciais, zonas de lazer e “dormitórios”. Fácil é de entender que ninguém quer ficar com a marca de ser o “dormitório” da cidade, mas a realidade é essa, por norma as zonas periféricas, até pelos mais baixos preços do terreno (m2), tendem a ter esse destino.
Por cá, a Meadela foi cimentando essa vocação e destino, nada tem de errado ou de mau. O que temos de perceber é que esse tipo de organização de território e de destino/função acarreta naturalmente alterações no contexto orgânico e social do território.
Hoje, a Meadela será, na cidade, a área mais diversificada na origem dos seus residentes, bem como nas suas funções sociais, pelo que a raiz histórica e social das suas gentes e do território mudaram ao longo do tempo, dando razão de ser ao conceito dinâmico de ecossistema vivo e dinâmico.
Ouvimos, no dia 13 de junho, no encontro no Polo da Meadela, repetidas referências à identidade e especificidade histórica e cultural da Meadela. Ninguém duvida da importância da nossa história, da nossa identidade e especificidade cultural e humana, para melhor percebermos quem somos e perspetivarmos para onde vamos… Mas falemos claro, quem vai às Festas de Santa Cristina, à Festa das Colheitas, a São Vicente, à Senhora da Ajuda ou aos Santos Populares na Cova, facilmente encontra e percebe a profunda ligação e identificação com as restantes Festas da Cidade de Viana do Castelo, ou seja, da União de Freguesias.
Se nesta área a União de Freguesias não fortaleceu a divulgação e visibilidade destes Eventos, julgo que sozinha, a Meadela dificilmente conseguirá mais e melhor.
Quanto à área urbana da Meadela, talvez não tenha um Centro Cívico, mas tem reconhecidamente uma zona central, um Centro Religioso, algumas zonas comerciais, tendo perdido, como em todo o lado, alguns serviços (bancos). Tem em construção um novo Centro de Saúde, e teve variadíssimos melhoramentos… praça, bairro, ruas, etc…
No passado dia 13, alguém referiu que a Meadela não tem vida noturna… Não é preciso muita atenção para se entender que essa é uma característica de Viana do Castelo no seu todo e não só da Meadela. Acresce que não tenho grandes dúvidas que a maioria dos Meadelenses a prefere assim, do que ruas de bares, ruído e confusão…
Antes de terminar, não posso deixar de abordar o que me pareceu evidente, no encontro realizado no Polo da Meadela, existe um grupo alinhado, talvez com o sonho do regresso ao passado, talvez com o sonho do regresso ao poder que, levantando a bandeira do saudosismo e do romantismo, cerra a sua fileira nesta demanda, podendo ser apelidado de “O grupo dos 7”, sete é o número mínimo de membros da Assembleia de freguesia para criar e apresentar uma moção.
Pior cego é o que não quer ver, e neste caso, este “Grupo dos 7” que, legitimamente, e repito, legitimamente, tem essa pretensão, parece não querer ver o óbvio, nem querer perceber que a Meadela e os seus ecossistemas humano e cultural mudaram, que de facto a união faz a força e que neste contexto, o famoso slogan: “o povo unido jamais será vencido!”, faz todo o sentido.
Com a desagregação, a Meadela, a curto prazo ficará mais fraca. A União de Freguesias também ficará mais fraca, mas ainda assim, forte.
Não me parece que estejamos em época de aventureirismos, nem de satisfação de agendas pessoais.
Perderemos Todos em “Escala” e peso nas reivindicações. Grandes vitórias e conquistas só se conseguem com equipas fortes, coesas e Unidas.
Este tipo de pretensão não beneficia ninguém, e sobretudo pode dificultar e muito a execução de Planos e Projetos de grande dimensão e investimento, quer do famoso PRR, do PT 2030 e da famosa Descentralização em curso.
“Unidos no e pelo Futuro de Viana do Castelo. Sempre”.
José Belo