Li, há tempos e em contexto Já esquecido, esta frase sonora e suculenta de que logo gostei: – “Tu deste-me a tua lama e eu dela fiz ouro”.
Talvez referida a BAUDELAIRE (1821-1867) – o grande impulsionador da poesia moderna‚ autor de várias obras literárias, entre as quais avulta “ Les Fleurs du Mal” (As Flores do Mal), como que sugerindo ouro saído de lama.
Eu gostei da frase logo que a li! Parecia-me paradoxal mas não era. Tinha rico conteúdo… Alguém receber lama das mãos de outrem e transformar em ouro essa lama – Oh! sorte e poder maravilhosos…! Quase apetece exclamar: bendita lama!
Quem diz “lama” diz lodo, sujidade, detritos, pobreza, miséria, ausência de limpeza, dignidade… Pelo contrário, a palavra ouro arrasta consigo ou sugere: riqueza, poder, sedução, fausto, reinação… Lama, nos aspectos físico-ético-moral, cheira a negativo, baixeza, ignomínia, enquanto que ouro simboliza a antítese de todo aquele estendal…
Olhando o Mundo dos Seres humanos de hoje (e doutros tempos), apetece-nos deplorar: tanto ouro e tanta lama na mesma quinta!…
– E que culpa temos nós!? – perguntará o meu prezado leitor.
Pois eu penso algo diferente como possível e interpelante…
Com Fernando Pessoa, há que fazer ressoar o seu lema: – “O Homem sonha, Deus quer, a Obra nasce”!
Saiba o Homem sonhar e querer diminuir a lama e, aumentando e distribuindo melhor o ouro, colocar este mais ao serviço da Humanidade…!
Deus certamente alimentará planos salvadores divinos…! A Obra já começou nos seus alicerces com tanta atividade altruísta de Gente boa que se vai dando as mãos por um mundo melhor! O Mundo não tem só lama humana, já que muito de nobre e áureo já vai aparecendo…!
Tenhamos esperança: o Ouro vencerá a Lama, o Dia vencerá a Noite e o Inverno receberá Luz e Calor, o Bem fará com que flores germinem do Mal!