Duelo de titâs: a mente versus a alma

Natacha Cabral
Natacha Cabral

Deixe-me que questione o leitor sobre o seguinte: você acha mesmo que a mente lhe pertence? Ou que é apenas a sua mente?

Gostaria de começar esta reflexão revelando-lhe que mais de 90% das pessoas deste mundo passam o seu tempo a pensar ou a fazer coisas que não interessam, bem como a convencerem-se de mentiras. Mas porquê?

É simples e, ao mesmo tempo, exigente, mas já lá vamos. É crucial que, antes de mais, o leitor compreenda que somos feitos pela tríade mente – corpo – alma. Uns, vivem apenas para o culto do corpo. Outros, se não quase todos, vivem pelas regras ditadas pela mente. Depois, existem aqueles, uma minoria, que se transcenderam e aprenderam a ouvir a voz da alma e começaram a questionar o porquê.

Mas aquilo que os leitores provavelmente não sabem, é que a luz para todas as nossas dúvidas existenciais reside na alma, daí que seria ideal aprender a equilibrar este trio, pois convenhamos, nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Essa clareza que muitos de nós procuramos não poderá nunca ser encontrada no capítulo mental. Nunca deu por si a tentar responder a perguntas como: quem sou eu? O que faço aqui? Qual o meu caminho? e, no entanto, chegou a conclusão alguma? Apesar de serem perguntas reveladoras de um certo senso de urgência para um despertar pessoal, não vai encontrar as respostas queimando neurónios, porque: 

1) a resposta já reside dentro de si, mas não lhe anda a prestar atenção; 

2) porque a sabedoria interior depende da capacidade de aceder à lucidez da alma, o que seria o mesmo que dizer que a sua vida é determinada por aquilo ao qual presta atenção de facto.

E eis que chegamos ao epicentro da questão: a mente domina e, na verdade, adora dominar e minar, acontecendo com maior intensidade quando o espírito é pobre, confuso ou isento.

A mente é um lugar onde absorvemos, reservamos e processamos informação, pelo que é muito fácil compreender que a sua função é limitada, basta pensar para si que não consegue e acaba por se convencer disso mesmo. E aqui reside o perigo de toda esta conversa, que é o facto de o leitor achar que é os seus pensamentos, crenças, ideologias ou limitações. Tudo não passa de uma bela ilusão. O leitor é muito mais do que isso.

A mente está para o conhecimento, assim como a alma está para a sabedoria, e pese embora pareçam sinónimos, em nada se assemelham, uma vez que um deriva da experiência de vida, e outro deriva do entendimento e reflexão sobre a vida. A mente, o corpo e a alma são apenas coisas que o leitor possui, mas é apenas na soma unificada e convergente das mesmas que atingirá um lugar chamado de consciência do “Eu” que, por norma, resulta num estado de ser presente, íntegro, sensível, curioso, altruísta e amoroso.

E assim termino esta reflexão, alertando o leitor que, se procura um vencedor desta luta infinita, tudo dependerá do caminho que optar por seguir. O caminho mais fácil e superficial fará da mente vencedora destacada, uma vez que ela está cheia de condicionalismos ocultos bem enraizados, impostos por si, ou por terceiros. Se, todavia, optar pelo caminho mais longo, prepare-se para mergulhar nas profundezas do oceano, que é o mesmo que dizer que é lá que se esconde o tão desejado tesouro: a verdade, de si e de tudo o resto.

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