Sou professor de História e, caso curioso, no 10.º ano tinha acabado de dar aos meus alunos a “peste negra”, que era do programa, sem suspeitar que outra epidemia, muito pior do que esta, estava prestes a entrar no nosso país, na Europa, e, na realidade, em todo o mundo. Quando me apercebi do que aí vinha, e que as escolas poderiam fechar, marquei para casa deles um trabalho que me poderiam mandar por e-mail, e assim terem uma avaliação mais completa. Perante esta situação e, perante o espanto dos meus alunos (que ainda não se tinham apercebido da gravidade desta pandemia), expliquei-lhes o que poderia vir a acontecer caso o coronavírus fosse imparável.
Para os sensibilizar, falamos da “peste negra”, da chamada “gripe espanhola” (1918-20) a chamada “pneumónica”, que dizimou milhares de pessoas, mesmo aqui em Portugal. Foi uma maneira de os sensibilizar para o que aí vinha, estando eu muito longe de imaginar, muito sinceramente, da gravidade e da extensão mundial da também chamada Covid-19. Muito francamente estava longe de imaginar, como quase toda a gente, a verdadeira calamidade que aí vinha.
Fechadas as escolas, entrei de “quarentena” (já lá vão três intermináveis semanas, para já), com as reuniões de avaliação “virtuais”. Tenho aproveitado para ler, ler muito e escrever também muito. Para além de ser “bombardeado” constantemente pelas televisões, pelos jornais e por outros meios da comunicação social, para o constantemente meditar no que será o mundo daqui para a frente…Cheguei à conclusão de que o mundo nunca mais será igual àquele em que vivemos até aqui.
De facto, a História “virou” uma página e o mundo será diferente. Os Homens, sobretudo ultimamente, só fizeram asneiras, deixaram de ser humanistas e solidários e só pensavam no dinheiro, na ganância e no consumo. O mundo e, não só Portugal, não estava preparado para uma pandemia destas (que ainda não se sabe quando e como irá parar). Vemos o verdadeiro heroísmo dos médicos/as, enfermeiros/as e outros auxiliares da saúde e como lutam, muitas vezes sem os meios necessários e indispensáveis, para tal. A Europa e o Mundo só pensavam no lucro e a maior parte do material necessário era (e é) feito fora da Europa (sobretudo na China), onde a mão de obra era (e é) mais barata. Sem pensarmos, estamos na mão deles, desde as máscaras aos ventiladores, etc.
Como será o mundo depois desta catástrofe? Eis um assunto em que devemos pensar muito seriamente. E já tivemos avisos: os imigrantes que vinham pelo mar Mediterrâneo (e continuam a vir) aos milhares; a África que está um caos, a poluição desastrosa etc.. Para terminar, queria que os governantes, todos os governantes, apostem mais no Serviço Nacional de Saúde, nos “Lares da Terceira Idade” e outros meios, a pensar na população, sobretudo a mais frágil. Temos de aprender e tirar as devidas lições disto tudo.
N.R. – Este artigo já estava há alguns dias retido na redação. As nosas desculpas ao autor.