EM PROL DA LÍNGUA E DA CULTURA PORTUGUESA

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José Teixeira Cruz

3.4 – A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) foi criada em 17 de julho de 1996 por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, juntando-se Timor-Leste em 2002 e a Guiné Equatorial em 2014. É uma organização intergovernamental que reúne povos que têm a língua portuguesa como uma das bases da sua identidade. A presidência da CPLP tem um mandato de dois anos e é exercida rotativamente pelos seus estados membros. Além dos membros efetivos há dezanove estados observadores associados. O dia 05 de maio de cada ano foi proclamado pela UNESCO como “Dia Mundial da Língua Portuguesa”. Na XI cimeira da CPLP foi aprovada uma proposta para que o português fosse uma língua oficial das Nações Unidas.
É interessante sublinhar o aumento dos estudos do nosso idioma em vários países. Na China, por exemplo, em 1961 só havia dois cursos e agora há trinta e duas instituições, 22 das quais oferecem cursos de licenciatura em estudos portugueses, com possibilidade de mestrado e doutoramento, e as outras 10 oferecem a língua portuguesa como disciplina opcional ou como disciplina complementar noutros cursos. No Japão há 31 universidades que desenvolvem cursos da nossa língua o que assume uma importância fundamental. Isto significa que, todos os anos, chineses e japoneses licenciados em Português acedem a profissões nos domínios da economia, da comunicação social, do ensino e outras áreas, reforçando as relações dos seus países com os países lusófonos. Em vários países o nosso idioma também é ensinado, como na Alemanha, na Austrália, no Canadá, etc.
Os Centros de Língua Portuguesa geridos pelo Instituto Camões – Instituto da Cooperação e da Língua – contam agora com Centros Culturais em 16 países e com 69 Centros de Língua Portuguesa em 41 países.

4 – O caso de um português que já não sabia falar a sua língua
Quando era mais novo, eu e minha esposa gostávamos de viajar de carro através de zonas interiores, fora das boas estradas e dos grandes centros urbanos. Foi num desses passeios que andámos em Espanha por estradas secundárias e locais recônditos, e quando começou a anoitecer parámos junto a uma casa e perguntámos onde poderíamos jantar e pernoitar. Responderam-nos que ali mesmo. Estávamos a jantar e a senhora da casa, ao saber que éramos portugueses, disse-nos que vivia nessa aldeia um trabalhador agrícola que também era português e ficaria certamente contente em contactar com os seus compatriotas, se não nos importássemos. Claro que concordámos. Passado algum tempo, apareceu esse senhor que se sentou à nossa mesa. Ele só falava espanhol. Tentava falar em português, mas não se lembrava das palavras. Estava sempre a perguntar como se dizia na nossa língua. Fiquei triste com o que assisti. Era um homem de cerca de 50 anos que vivia como empregado agrícola numa propriedade no interior de Espanha. Não era descendente de emigrantes portugueses que vivem no estrangeiro há gerações, mas sim um dos emigrantes que conseguiu atravessar a fronteira em situação penosa e correndo risco de vida devido às perseguições da Guarda Fiscal Portuguesa e da Guardia Civil Espanhola, durante a vigência dos regimes autoritários de Salazar e de Franco. Uma língua que não se fala, não se escreve, nem se lê ou ouve, esquece.
Felizmente, a situação dos emigrantes melhorou muito. Com o desenvolvimento tecnológico que hoje dispomos, eles podem estar em contacto diário com os seus familiares e amigos residentes em Portugal, mantendo viva a ligação à sua Pátria e língua materna, o que não acontecia anteriormente.
Continua…

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