Endividamento, inflação e frugalidade

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Carlos Branco Morais

O risco de crise financeira, que há já muitos anos paira sobre Portugal, tem obrigado os governos, com transparência ou escondidamente, a manter a página da austeridade, mais ou menos aberta, para conter o endividamento nacional e evitar novo resgate. 

Nos últimos anos, uma menos prudente política monetária do BCE terá contribuído para a desvalorização do euro e o crescimento da inflação, que urge travar, o mais cedo possível, para evitar a entrada em recessão económica. E, com esta pretensão, aquele Banco acaba de aumentar novamente a taxa de juro de referência, agora em 0,75%, e admite novas subidas, nos próximos meses.

Não admira que quem chegou a proclamar o fim da austeridade decrete, agora, cortes no poder de compra, alegando que o país não pode pagar salários e pensões que acompanhem a inflação. E também não será de admirar que toda a oposição fale de desilusão com as medidas tomadas para combater a maior queda do poder de compra em Portugal, desde 1980.

O chapéu europeu criou, entre muitos de nós, a ilusão de abundância, mas ele revela-se cada vez menos capaz de continuar a alimentar esta ilusão, sobretudo nos países de maior risco financeiro. 

E, quando os preços pagos pelos turistas em Portugal se aproximam cada vez mais dos praticados em países mais desenvolvidos, teme-se que a “bolha” turística, que muito tem contribuído para a melhoria das nossas contas internas e externas, possa rebentar nos próximos anos.

Aprendamos a ser frugais, não só por escassez de meios financeiros, mas também por solidariedade com tantos detentores de recursos ainda mais parcos! 

Auguro o robustecimento da União Europeia e que ele, valorizando a frugalidade, nos aporte maior sustentabilidade e mais justiça social!

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